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flagras do êxtase
Vania Toledo mostra na Pinacoteca 150 retratos instantâneos de brasileiros e gringos nas baladas dos anos 70, 80 e 90
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Das hordas de divas e purpurinados que faziam fila todas as
noites na porta do Studio 54,
em Nova York, só alguns eram
escolhidos para entrar na festa.
"Por acaso, sempre me chamavam", lembra a fotógrafa Vania
Toledo. E ela tinha na bolsa
uma pequena Yashica que flagrou gente como Truman Capote, Harper Lee e Andy Warhol em busca do nirvana na pista de dança.
"Eu fiquei muito tímida diante de Warhol, porque ele tinha
maquiagem, peruca, era um homem "fake", mas de ousadia estética enorme", dispara Toledo
sobre seu maior ídolo. "Ele me
ensinou a liberdade de fotografar com uma câmera qualquer
para fazer algo que você possa
mostrar com orgulho."
São 150 retratos instantâneos da balada em São Paulo,
Rio, Londres e Nova York, ao
longo dos anos 70, 80 e 90, que
Toledo fez com sua máquina
portátil -a mesma que ganhou
de Gilberto Gil o simpático apelido Nhá Chica-, que ela mostra a partir de hoje na Pinacoteca do Estado, em SP.
"É a intimidade que poucos
fotógrafos têm o despudor de
mostrar, porque tem erros, não
é germanicamente perfeito",
admite Toledo. Mineira de Paracatu, ela se mudou aos 13 para a capital paulista, onde começou a fotografar nos anos 70
para o "Aqui São Paulo", extinto diário de Samuel Wainer.
Depois passou por uma porção
de lugares, como "Vogue",
"Cláudia" e "Interview", a versão brasileira da cultuada revista de Andy Warhol.
Naquele encontro-relâmpago na pista do 54, aliás, o mestre
da pop art reclamou à fotógrafa
que a sucursal do Brasil sempre
atrasava pagamentos à matriz.
"Ele era muito materialista, um
gênio marqueteiro."
Também é o único que arranca da fotógrafa elogios tão rasgados, já que ela detesta a fama
"que distorce tudo". Os retratos
que fez do abraço de Caio Fernando Abreu e Cazuza, no camarim, Ney Matogrosso de fio
dental na praia, Dina Sfat só de
roupão, Rita Lee grávida e outros tantos, se devem, ela diz, à
sua grande amizade com quase
todo mundo que foi relevante
na cultura nessas três décadas.
Em SP, Toledo flagrou a estréia da minissaia na pista da
Aquarius, os VIPs da Gallery e
os primeiros "punks, insones,
drogados e jornalistas" no Madame Satã. No Rio, os músicos
da tropicália ensolarada.
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