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"BALL OF FIRE"
TV salvou carreira da melhor comediante americana
DO "NEW YORK TIMES"
H ouve uma época em que o
cabelo ruivo era visto praticamente como garantia de humor
absurdo. Homens apelidados de
"Red" ("ruivo") -"Red" Skelton, "Red" Buttons, etc.- faziam
palhaçadas em palcos e nas telas
do cinema, seus cabelos brilhando com a promessa de maluquices, como a crista do Pica-Pau.
Mas o maior humorista ruivo
do século 20 não foi homem nem
tampouco personagem de quadrinhos, e sim uma bela mulher
chamada Lucille Ball (1911-1989),
que, após uma carreira agitada
-mas não exatamente estelar-
no cinema, voltou-se para a TV,
em 1951, e mostrou aos sujeitos
apelidados de ""Red", ao Pica-Pau
dos desenhos e a milhões de telespectadores como se fazia humor.
O veículo para essa demonstração foi, é claro, "I Love Lucy",
uma sitcom doméstica de meia
hora de duração na qual Ball fazia
par com seu marido, o bandleader cubano Desi Arnaz. "I Love
Lucy" teve seis temporadas extraordinárias, mais três anos adicionais de especiais de Lucy e Desi
de uma hora de duração. A festa
só chegou ao fim em 1960, quando os dois se divorciaram.
Cerca de um terço da biografia
de Lucille Ball redigida por Stefan
Kanfer, "Ball of Fire" ("Bola de
Fogo"), é dedicada aos anos em
que Lucille fez "Lucy", e está certo
que seja assim. Pois foram esses
nove anos que Lucille Ball passou
representando Lucy Ricardo que
justificam sua imortalidade; nada
do que ela fez antes ou depois, em
seis décadas como atriz, a teria feito ingressar no Hall da Fama da
comédia, pelo menos não num
primeiro turno de votação.
Ela tivera poucas oportunidades de demonstrar suas habilidades na telona, tanto assim que estava louca para começar. E, pelo
fato de não ter chegado à televisão
com toda uma bagagem de rotinas cômicas já estabelecidas e gastas, tudo o que ela fazia em "I Love
Lucy" parecia novo e refrescante.
E por que não deu certo no cinema? A resposta é simples: a Hollywood da época não gostava muito
de mulheres comediantes, por
mais brilhantes que fossem; e a
própria Lucille Ball, quando jovem, sendo bonita o suficiente para pelo menos tentar o estrelato
do modo convencional, talvez
não tivesse desejado isso para si.
Lucille Ball possuía -ou era
possuída por- o puro espírito da
comédia, qualidade quase inédita
numa mulher de sua época e ainda rara hoje. Em "Ball of Fire",
Kanfer procura defender a tese de
que a influência dela continua,
mas as evidências a favor são poucas. O humor continua sendo em
grande medida coisa de homens.
Tradução Clara Allain
BALL OF FIRE. De: Stefan Kanfer.
Editora: Hardcover. Quanto: R$ 110, em
média. Onde encomendar:
www.livcultura.com.br ou
www.amazon.com.
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