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ARTES PLÁSTICAS
Adquirida agora por Adolpho Leirner, coleção fez parte da primeira casa modernista de São Paulo
Pinacoteca expõe móveis de Warchavchik
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
O colecionador Adolpho Leirner, detentor da mais importante
coleção de arte construtivista brasileira, já desistira de ampliar seu
acervo havia mais de dez anos,
mas uma oferta o fez mudar de
idéia. Um marchand paulista tinha em mãos dez móveis produzidos por Gregori Warchavchik
expostos na casa modernista da
rua Itápolis, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, onde circulou a nata modernista paulista.
Para se ter uma idéia, a inauguração do local, em 26 março de
1930, foi feita como Exposição da
Casa Modernista e lá estavam,
além dos móveis desenhados por
Warchavchik, obras de Tarsila do
Amaral, Lasar Segall, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Oswaldo
Goeldi, Di Cavalcanti e Cícero
Dias, para citar apenas as obras de
artes plásticas. A exposição durou
menos de um mês e foi vista por
mais de 20 mil pessoas, numa cidade que então não contava com
um milhão de habitantes. Desde
então, os móveis de Warchavchik
não vinham a público.
"Foi algo que eu jamais esperava encontrar, é um conjunto único e não resisti", conta Leirner, 67,
que não revela o valor da aquisição. "Essas peças representam o
início do design brasileiro e do
construtivismo", afirma o colecionador, que possui cerca de 130
obras e comemora agora, 40 anos
da aquisição de sua primeira peça,
uma tela de Milton Dacosta.
No próximo dia 13, os móveis
serão expostos na Pinacoteca do
Estado. Oportunamente, a mostra ocorre um dia antes da abertura da 5ª Bienal de Arquitetura e
Design. Na Pinacoteca, os móveis
se encontram na reserva técnica e
não puderam ser fotografados.
Todos são pintados em prata,
das poltronas reclináveis aos armários e sofá, e os assentos feitos
com tecido azul. "Quero manter
os móveis como eles estão, possivelmente só os tecidos do sofá tenham sido trocados, mas deve ter
sido na década de 40", conta o colecionador e especialista no assunto, já que sua formação é em
engenharia têxtil.
Logo após o encerramento da
exposição de 1930, os móveis foram doados por Warchavchik ao
crítico de arte, jornalista e amigo
Geraldo Ferraz (1905-1979), que
foi casado com a escritora e militante política Patrícia Galvão, a
Pagu. Geraldo Galvão Ferraz, filho do casal, recebeu a coleção do
pai na década de 70 e foi ele quem
vendeu, por meio de um antiquário, as peças à Leirner.
Segundo carta de Galvão Ferraz,
que teve Warchavchk como padrinho de casamento, a Leirner,
os móveis chegaram a fazer parte
da primeira casa modernista projetada pelo arquiteto e designer,
em 1927.
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