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RioFilme defende fomento a blockbusters

Produções comerciais geram emprego e renda e devem receber investimento do governo, diz diretor da empresa

Gestão iniciada em 2009 aumentou investimentos e bilheteria de projetos bancados pela estatal

MARCO AURÉLIO CANÔNICO DO RIO

"Todo mundo me pergunta: Por que vocês colocam dinheiro num filme do Bruno Mazzeo?'", diz Adrien Muselet, 31, diretor comercial da RioFilme, a estatal carioca de cinema, que investiu em comédias estreladas pelo filho de Chico Anysio, como "E Aí, Comeu?" e "Cilada.com".

"Pela mesma razão que o BNDES coloca dinheiro numa fábrica de carro na Bahia: porque gera emprego e renda. Tem uma série de vantagens econômicas óbvias."

É esse tipo de visão que Muselet, um francês radicado no Brasil há dez anos, levou para a RioFilme desde 2009, quando foi convidado a trabalhar lá pelo então recém-empossado presidente da empresa, Sérgio Sá Leitão.

A dupla entrou na RioFilme --que completou 20 anos em 2012-- para implantar uma mudança de paradigma.

Enquanto em 2008 a estatal investiu R$ 1,1 milhão e lançou sete filmes, que venderam um total de 18,6 mil ingressos, em 2012 foram R$ 51 milhões (um quarto desse valor vindo do lucro com investimentos anteriores) e 16 filmes lançados, com 12,7 milhões de ingressos vendidos.

A comparação com o BNDES também é ilustrada com números: entre 2009 e 2012, os 32 filmes mais bem-sucedidos em que a empresa investiu geraram um PIB de R$ 540 milhões e 8.340 postos de trabalho, segundo estudo da RioFilme com dados da Ancine, da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do RJ) e do Filme B (portal especializado em cinema nacional).

"O discurso comum diz que o filme comercial se mantém sozinho, e que o governo tem de ajudar os filmes autorais. Eu acho que temos de fazer as duas coisas", diz Muselet.

Assim, a estatal dividiu seu financiamento de cinema em duas linhas: investimento reembolsável, na qual adquire participação nas receitas de projetos que têm boa perspectiva comercial, e não reembolsável, que visa a "diversidade cultural e acesso das pessoas à cultura".

A verba da RioFilme --R$ 101,5 milhões no período 2009-2012 -- foi dividida "meio a meio" entre as duas linhas, segundo o diretor.

Para que o filme possa ser financiado pela estatal, a partir deste ano sua produtora terá de ser carioca.

"Esse negócio de cinema não é eu tenho uma ideia na minha garagem com meus amigos, vamos filmar'. Ou você tem propriedade intelectual valiosa ou não tem negócio", diz Muselet, citando o caso da Disney.

Como exemplo nacional de "propriedade intelectual valiosa" ele cita a franquia cômica "De Pernas pro Ar", cujo segundo filme foi lançado no ano passado.

A RioFilme investiu R$ 2,5 milhões no longa e já obteve R$ 2,9 milhões de retorno --com as vendas para TV, espera faturar 140% do que gastou. Há, ainda, o retorno em impostos (nos três níveis de governo) pagos pela produção: R$ 14,3 milhões.

Aprofundado o aspecto mercadológico da linha de investimento reembolsável, a partir deste ano a RioFilme não investirá mais em longas que dão lucro, mas em empresas que dão lucro.

Entre as produtoras beneficiadas com financiamento automático estão a Conspiração, a TVZero e a Casé Filmes.

"Estou pensando em termos de eficiência econômica do fomento público. Hoje, temos 10% de share' [fatia de mercado do cinema nacional], e estamos assim há dez anos. Ou seja, a performance econômica do filme brasileiro é muito fraca. Como consequência, você tem muito fomento público para filmes que geram pouco PIB, pouco emprego, pouca renda."

Muselet prega que é preciso equilibrar os investimentos, que atualmente estariam quase todos concentrados nos filmes não comerciais.

"Temos de ter O Som ao Redor' e De Pernas pro Ar 2'. Só que, hoje, De Pernas pro Ar 2' é um acidente. Ele acontece apesar do sistema."

O diretor da RioFilme também coloca sob outra perspectiva a recente polêmica em torno do papel da Globo Filmes no sucesso dos filmes nacionais --originada a partir da entrevista de Kleber Mendonça Filho ("O Som ao Redor") à Folha.

"O filme não é comercial porque tem a Globo, ela entra porque o filme é comercial. O que eles conseguem é fazer que o filme que ia fazer 2 milhões de espectadores faça 3 milhões. Mas não transformam um filme de 200 mil ingressos num de 2 milhões."


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