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São Paulo corre para tirar o seu atraso em relação ao Rio
Setor cinematográfico e prefeitura planejam agência para 2014
A ideia da erguer em São Paulo uma agência de fomento a filmes feitos na cidade partiu do cineasta Toni Venturi e foi acolhida pela Secretaria de Cultura, que planeja tirá-la do papel até o ano que vem.
"São Paulo está atrasada em relação ao polo de produção do Rio de Janeiro e essa timidez não combina com a cidade. Precisamos passar a pensar grande", diz Venturi.
Pensar grande, nesse caso, significa investir na produção de filmes que ambicionem atingir o grande público. Os filmes voltados a experiências de linguagem, entretanto, não ficarão desatendidos, segundo Venturi.
Mas, assim como a RioFilme, a futura agência terá linhas de crédito distintas para as produções "comerciais" e as "autorais". "Vamos separar os tubarões dos bagrezinhos e dos lambaris", diz ele.
E mesmo os puros exercícios narrativos serão incentivados a almejar o sucesso no circuito das mostras. "Um filme tem que reverberar ou nas bilheterias ou nos festivais. Não podemos nos fechar num gueto e fazer filmes para serem vistos só por nós mesmos", diz Venturi.
O privilégio aos títulos de traço comercial inquieta os representantes da vertente autoral do cinema. "Em relação a qualquer projeto de fomento, nós, que somos o lado B do cinema, temos a preocupação se seremos contemplados", diz o cineasta Marcelo Gomes ("Cinema, Aspirinas e Urubus"). "Somos o lado mais frágil, dos que se preocupam mais em refletir sobre os problemas sociais e políticos do país do que em fazer público", diz o diretor.
Sérgio Bianchi ("Cronicamente Inviável") afirma não ser contrário ao projeto e sentir "uma vibração" do prefeito Fernando Haddad e do secretário de Cultura, Juca Ferreira, de "fazer acontecer".
"Mas não acredito em nenhuma medida que funcione enquanto 80% do mercado for dominado pelo filme americano", diz Bianchi.
O cineasta também afirma temer que "daqui a cinco anos tenhamos outra Ancine (Agência Nacional do Cinema), repleta de funcionários e inoperante".
Além de investir na produção e distribuição de filmes (em parceria com empresas já estabelecidas no mercado), a agência deve atuar na capacitação profissional, com ênfase no desenvolvimento de roteiros e na desburocratização dos trâmites para autorizar filmagens em São Paulo.
O nome da agência, ainda indefinido, tende a ser SP Cine ou SP Filmes. Segundo o rascunho atual, ela será uma empresa de sociedade anônima cujo sócio majoritário é a Prefeitura de São Paulo.
A secretaria municipal de Cultura planeja enviar o texto à Câmara em junho e avalia que será possível elevar, em 2014, os atuais R$ 10 milhões destinados ao cinema em seu Orçamento para R$ 30 milhões, a serem geridos pela agência em seu primeiro ano de operação.
O aumento da verba deve se dar via parcerias com o governo federal.