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Vida de Giordano Bruno é tema de peça Espetáculo dirigido por Rubens Rusche, que estreia amanhã, retrata a luta do filósofo contra a Santa Inquisição Interpretado por Celso Frateschi, o italiano foi condenado à morte por suas ideias científicas avançadas para a época GUSTAVO FIORATTICOLABORAÇÃO PARA A FOLHA O frei dominicano Giordano Bruno (1548-1600) não evitou a pena de morte imposta pela Santa Inquisição no século 16. Foi preso por não renunciar a suas ideias. Condenado, acabou morrendo na fogueira. A história do filósofo Bruno, bem como a obra deixada pelo autor e o processo inquisitório ainda hoje guardado pelo Vaticano, é revisitada agora pelo diretor Rubens Rusche no espetáculo "Processo de Giordano Bruno". Com texto do italiano Mario Moretti e Celso Frateschi no elenco, a peça estreia amanhã no Sesc Vila Mariana. A figura de Bruno tornou-se uma espécie de modelo moral para Rusche desde que o diretor assistiu ao longa "Giordano Bruno", de Giuliano Montaldo, de 1973. "Eu tinha 22 anos. O filme ficou duas semanas em cartaz aqui em São Paulo e foi retirado pela censura. Naquela época, Giordano Bruno virou um ícone, ao lado de Che Guevara", afirma Rusche. Na peça de Moretti, que foi escrita em 1969 e deu base ao longa, há diálogos sobre religião, política e astronomia. Bruno considerava, por exemplo, que o Universo era infinito. E também concordava com a teoria de que a Terra girava em torno do Sol. Mas boa parte da reconstituição do processo inquisitório recai sobre fundamentos católicos, sobre a representação da Santíssima Trindade e seus significados, sobre a existência de Cristo e de Deus. No centro da arena, o protagonista dá uma aula de retórica a seus inquisidores. "Já disseste que a igreja, para manter as pessoas no caminho do Senhor, age com a força contra aqueles que se desviam, enquanto os apóstolos não agiam com a força, mas com o amor?", pergunta a certa altura o inquisidor. "É verdade que eu disse que os apóstolos faziam mais pela vida delas, com pregação e bons exemplos, do que se pode fazer hoje com a força. Monsenhor não concorda comigo?", enfrenta ele. Para Bruno, diz Rusche, salvar a própria vida representaria também renunciá-la, "o que o aproxima de pensadores mais radicais, como Nietzsche". "Hoje, muitos perderam a coragem de dizer não. Baixa-se a cabeça para tudo", situa. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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