Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Peter Greenaway provoca plateia de evento em SP Em palestra do ciclo Fronteiras do Pensamento, diretor criticou o formato hollywoodiano e o hábito de ir ao cinema '"Harry Potter' e 'O Senhor dos Anéis' não passam de textos ilustrados", polemizou o artista britânico RODRIGO SALEMDE SÃO PAULO Quem esperava ser provocado pela palestra de Peter Greenaway no ciclo Fronteiras do Pensamento, anteontem, não se decepcionou. O cineasta voltou a decretar a morte do cinema convencional, criticou a adoção do formato hollywoodiano e até questionou o público presente em grande número na Sala São Paulo. A palestra, intitulada Novas Possibilidades, foi precedida por um elogio ao local do evento. "É um espaço impressionante. Me pergunto se podemos passar filmes aqui", disse o cineasta, que é fã de arquitetura clássica e começou a carreira como pintor. Os elogios logo deram lugar para as conhecidas declarações polêmicas de Greenaway. "Gostaria de reforçar: o cinema está morto. Quando uma pessoa me fala que vai ao cinema, eu falo: 'O que diabos você está fazendo, sentado no escuro feito um animal e olhando para a mesma direção por duas horas?'." "Tenho certeza de que o futuro da arte cinematográfica será muito mais empolgante", afirmou. Greenaway, então, mostrou visualmente como acredita que o cinema pode evoluir. Apresentou vídeos de suas instalações visuais em museus e palacetes na Itália e na Holanda, onde mora. "A comunicação satisfatória do cinema funciona de forma perfeita apenas quando unimos educação e diversão", crê o responsável por obras filmes como "O Livro de Cabeceira" (1996) e "O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante" (1989). A ideia do diretor é mostrar o cinema como uma obra mais ligada à pintura e às imagens e cada vez menos dependente do roteiro. "Precisamos cortar o cordão umbilical do cinema com as prateleiras das livrarias", clamou ele. "'Harry Potter' e 'O Senhor dos Anéis' não passam de textos ilustrados." Se já não fosse o suficiente para causar um burburinho, Greenaway ainda falou que mais três "tiranias" precisariam ser cortadas do cinema: a do enquadramento, a da câmera e a dos atores. "O cinema não foi criado para ser parque de diversões para Sharon Stone. Se você é um ator, hoje em dia, só faz transar e morrer nos filmes." Apesar de todo o discurso, Peter Greenaway é bem-humorado e um auto-proclamado otimista. "Meus trabalhos como VJ ou DJ com imagens me empolgam. Gosto do cinema ao vivo." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |