São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Obras viárias pretendem atrair maior número de fábricas e viabilizar pólo industrial

Itaquera quer rever perfil de dormitório

DA REPORTAGEM LOCAL

A palavra itaquera deriva do guarani e quer dizer "pedra a dormir". Nada mais coerente com a realidade do distrito homônimo, da zona leste de São Paulo.
Itaquera possui hoje uma estação de metrô e uma grande avenida, a Jacu-Pêssego. Mas tem também 201,5 mil habitantes. Não é por outro motivo que a melhoria dos acessos à região é o grande desafio do Plano Regional.
Uma das reivindicações já tem solução: é o prolongamento da Radial Leste até Guaianases, que será feito sobre a linha desativada da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Segundo a prefeitura, a extensão de 8,7 km terá capacidade para 13 mil veículos por hora. "Vamos começar as obras no ano que vem", afirma Antonio Edson Ferrão, 46, subprefeito de Itaquera.

Empregos
Já há também esforços para prolongar a avenida Jacu-Pêssego, ligando a rodovia Ayrton Senna ao sistema Anchieta-Imigrantes. "Será um excelente corredor de exportação", diz a urbanista Raquel Rolnik, do Instituto Polis.
Para a Airi (Associação das Indústrias da Região de Itaquera), as obras podem reverter o perfil de "dormitório" do distrito.
Por lá, a proporção entre trabalho e população é de 16 empregos para cada 100 habitantes, enquanto que a média de São Paulo é de 50 para cada 100. "Queremos oferecer empregos, mas falta infra-estrutura", diz Fatima Andrijic Marinera, 41, presidente da Airi.
"O potencial de implantação é hoje limitado pelo zoneamento. Temos de reduzir as exigências para permitir a vinda de mais fábricas", completa Ferrão.
O zoneamento do pólo não permite usar mais do que 40% de uma área mínima de 5.000 m2. O resultado é que a região, de 450 hectares, está ociosa.
O distrito debate também o rumo da Apa (Área de Proteção Ambiental) do Carmo. A idéia, diz o subprefeito, é promover a preservação auto-sustentável do verde. "Boa parte da região pertence à Cohab (Companhia de Habitação do Estado de São Paulo), que pensa em usar o terreno para erguer mais unidades."

Estádio do Corinthians
Para a urbanista Raquel Rolnik, a proposta da Cohab é descabida. "Itaquera tem milhões de conjuntos habitacionais e precisa mesmo é de infra-estrutura", diz.
O subprefeito revela que o turismo é outra vocação do distrito. "Além do parque do Carmo, há o Sesc Itaquera, o aquário e os pesqueiros. Mas a sobrevivência das chácaras preocupa. Devemos protegê-las no Plano Regional."
Outra discussão, aponta Rolnik, é o destino da área pública que foi cedida pela prefeitura ao Corinthians para que construísse seu estádio de futebol. "Acontece que o clube não faz a obra e não devolve o terreno ao município." Discutem-se duas opções para o local, bem ao lado do metrô: a construção de um novo campus da Universidade de São Paulo ou a implantação de um complexo poliesportivo. (NATHALIA BARBOZA)


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