São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002 |
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INCERTEZA ELEITORAL Dinheiro de aplicações financeiras migra para o "porto seguro" das crises e eleva vendas em até 60% Investidores buscam abrigo nos imóveis
CÁSSIO AOQUI DA REPORTAGEM LOCAL Se, para o turbulento mercado financeiro, a incerteza quanto ao rumo das eleições presidenciais causa apreensão, construtoras, incorporadoras e imobiliárias, em situação oposta, só têm a comemorar: agitação mesmo só na quantidade crescente de visitantes nos plantões de vendas. A explicação dos especialistas em mercado imobiliário é unânime: receosos do que pode vir a acontecer nos próximos meses, sobretudo se a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas for reconfirmada, investidores estão transferindo o dinheiro de aplicações financeiras para imóveis, considerados um "porto seguro" em momentos de crise. Como resultado dessa projeção, as imobiliárias vêm contabilizando um aumento nas vendas que chega a 60%, em 2002, caso da Lopes, a maior do país, que comercializou R$ 2,14 bilhões no ano passado. "Certamente esse crescimento foi amplamente favorecido pela atual situação política brasileira, em fase pré-eleitoral", afirma o diretor Tomás Salles, 51. "O investidor está com medo de um "default" [calote" caso o PT vença a eleição presidencial, da forma como será renegociada a dívida e até de um eventual confisco de dinheiro", diz o diretor da construtora Klabin Segall, Sergio Segall. "Por isso volta seu interesse para o mercado residencial." Medo de confisco Prova disso é a proporção cada vez maior de investidores entre os compradores de imóveis: "Em meados de abril, tínhamos 25% de investidores em um de nossos lançamentos, o que já era um alto índice. Agora, esse número já está em 47%", exemplifica o diretor de novos negócios da construtora Tecnisa, Ricardo Pereira Leite, 43. A personal trainer Sônia Azúa, 40, decidiu investir R$ 300 mil em um imóvel na planta, a ser entregue em 2004. "Pelo menos sei que é um patrimônio meu e que nenhum confisco o tiraria de mim." Já o empresário Alexandre Jesus, 26, adquiriu um por segurança e não pretende morar nele. "Não sei o que o Lula pode fazer." Guido Mantega, da assessoria econômica do PT, diz que o partido "não dará calote nem irá sequestrar a poupança de ninguém caso vença as eleições". "Mas há males que vêm para o bem. Se as pessoas querem aplicar em imóvel, devem fazê-lo pois ajudarão a economia pelo efeito multiplicador que o setor apresenta." Até no feriado Esse aquecimento atípico pôde ser comprovado no último feriado. "Tivemos cerca de 500 visitas, resultando em 65 reservas e 20 escrituras, num total de 12 lançamentos", contabiliza o diretor da construtora Gafisa, Odair Senra. Mas o crescimento não pára na visitação, na avaliação de Fernando de Albuquerque, 43, diretor da construtora e incorporadora FAL 2. "O número de visitas com qualidade nos estandes duplicou. Antes, de 10 interessados, 2 compravam. Agora são 4 ou 5." Por conta dessa euforia do mercado, alguns lançamentos, inicialmente previstos para o final do segundo semestre, foram antecipados, afirma o vice-presidente de incorporação do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias e construtoras), Basílio Jafet, 44. Próximo Texto: Corrida imobiliária só não alcança os "populares" Índice |
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