|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONDOMÍNIO
Condômino denuncia
síndico desonesto
ELENITA FOGAÇA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um misto de coragem, determinação e força tomou conta da
dona-de-casa Flora Caminha,
57, quando decidiu investigar as
contas do condomínio onde
morava. "Desconfiei porque os
valores mensais com gastos extras eram absurdos", lembra.
Vista com desconfiança pela
síndica, ela chegou a ser agredida quando descobriu um superfaturamento de R$ 6.000 na reforma da guarita, além do fato
de o condomínio estar prestes a
comprar um equipamento de
segurança de última geração.
"A síndica estava gastando os
"tubos" de dinheiro. Fizemos um
abaixo-assinado e conseguimos
impedir a continuidade de seu
mandato. Mas, antes de prestar
contas, ela desapareceu do condomínio", recorda Caminha.
As frequentes visitas de fiscais
da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo) e da Eletropaulo
(Eletricidade de São Paulo) ao
edifício onde mora, no Sumaré
(zona oeste de São Paulo), em
2000, fizeram que Vladimir
Spiandorello, 36, desconfiasse
de inadimplemento nas contas.
Na época, como subsíndico,
solicitou à administradora os
comprovantes do banco. "Por
incrível que possa parecer, todos estavam com os registros
de autenticação de pagamento,
mas, para nossa surpresa,
eram falsificados", relembra.
Mas o prejuízo causado pela
administradora Selimart, que
não existe mais, não ficou somente nas contas de água e
energia. "Arcamos com R$ 60
mil de débitos atrasados do
INSS [Instituto Nacional do Seguro Social" dos funcionários",
diz. "Abrimos processos, mas
os donos "sumiram do mapa"."
Problemas com administradoras e síndicos de má índole
são tão corriqueiros que o juiz
Antonio José Ferreira Carvalho
reuniu alguns casos no livro "O
Condomínio na Prática" (editora Lumen Juris), que aborda
ainda leis condominiais.
Em um dos relatos, o advogado destaca o problema de um
prédio que teve os serviços de
água e energia interrompidos
pelo fato de o síndico não ter
pagado as contas. Há também
casos nos quais a administradora fraudava o condomínio.
Realidade
"Infelizmente, administradoras e síndicos mal-intencionados são fáceis de encontrar", diz
José Roberto Graiche, presidente da Aabic (associação das administradoras de condomínios). "É o síndico que contrata
a administradora, portanto é
responsável pela empresa que
escolhe. Se ele não é uma pessoa
honesta, certamente procurará
uma empresa que compactue
com suas fraudes", alerta.
Cássio Thut, vice-presidente
de condomínio e relações com o
mercado do Secovi-SP (sindicato de construtoras e imobiliárias), pondera que existe uma
outra probabilidade para que
o síndico não cumpra com os
pagamentos do prédio. "Pode
ocorrer por insuficiência de
recursos em função dos con-
dôminos inadimplentes."
Mas, nesse caso, o síndico
tem a obrigação de avisar os demais moradores sobre a situação para evitar que serviços essenciais sejam interrompidos,
como o fornecimento de água e
energia. "Os condôminos também têm o direito de solicitar ao
síndico as pastas com as prestações de conta para ter certeza de
que tenham sido pagas."
Os especialistas do setor imobiliário são unânimes em afirmar que a falta de participação
dos moradores nas reuniões de
condomínio e o desinteresse pelo que ocorre no prédio facilitam a ação de síndicos e administradores com más intenções.
"As pessoas têm de ter interesse
em saber no que estão gastando
o dinheiro delas", afirma.
Texto Anterior: Fabricante e síndico podem ser responsabilizados Próximo Texto: Lançamento - Jardim Paulista: Contemporâneo, Hype terá de gazebo a ofurô Índice
|