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PLANO DIRETOR EM DEBATE
Cantareira toma 80% do território do distrito
Preservação do verde é tema "inegociável" no Tremembé
DA REPORTAGEM LOCAL
"Nem tudo deve ser estoque de
terras para a cidade", afirma o
ambientalista Malcolm Forest, da
associação Amar (de preservação
da reserva da biosfera do cinturão
verde de São Paulo). Esse é o lema
dos moradores do Tremembé na
discussão do Plano Regional.
O distrito detém as maiores
porções dos 80 km2 da serra da
Cantareira, a única floresta urbana do mundo, e do sistema Cantareira de abastecimento de água, o
segundo maior do planeta. "Temos de planejar a cidade a partir
dessa realidade", resume Forest.
É por isso que a população do
Tremembé elegeu como inimigo
número um o trecho norte do Rodoanel. O que assusta os moradores é o texto do Eia-Rima (estudo
do impacto ambiental da obra).
"O documento "esquece" que a
serra foi tombada como reserva
intocável pela Unesco. A Dersa
[Desenvolvimento Rodoviário
S.A., que assina o documento] ignora a presença da mata virgem",
diz Yuca Cunha Maekawa, coordenadora do SOS Cantareira.
"O traçado não passa no parque
estadual da Cantareira, apenas
em áreas agrícolas", rebate Rubens Mazon, 54, coordenador de
gestão ambiental da Dersa.
"O Rodoanel passará por mananciais e nada garante que o lençol freático não seja contaminado
após acidentes rodoviários", retruca Maekawa. "É uma área muito sensível", completa Eduardo
Britto, da ONG Planeta Verde.
"As áreas de mata serão preservadas por túneis e pontes, com
bacias de contenção", diz Mazon.
"Jogaremos os excedentes da
obra em uma pedreira, que será
transformada em parque". Segundo ele, a Dersa estuda novas
sugestões de trajeto, como o que
desloca o traçado para o norte, ao
lado do parque do Juqueri.
Clandestinos
Hoje, já há vários loteamentos
clandestinos, que preocupam
tanto quanto o esgoto irregular no
córrego do Tremembé.
"Temos de cobrar isso do Estado", diz Marco Antonio Silva,
chefe de gabinete da Subprefeitura Jaçanã-Tremembé.
"Também é preciso fiscalizar as
propriedades que impermeabilizam o solo e adensam o distrito",
diz Mario D'Orazio Filho, presidente do Lions Clube local. "Coibimos os invasores com ação policial", afirma Silva.
Para aliviar o trânsito, "há as opções de uma via expressa ao longo
do córrego do Tremembé e de
uma estação do metrô no Jaçanã".
"Entretanto, queremos corredores comerciais não-poluentes",
diz Antonio Rosolímpio Borges,
67, presidente da Sociedade Jardim Floresta.
(NATHALIA BARBOZA)
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