|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O PREÇO DA VIZINHANÇA
No Rodoanel, especulação provoca aumento de 20%
Promessas de obras podem encarecer o preço de imóvel
DA REPORTAGEM LOCAL
E FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se, dependendo da vizinhança,
o valor do imóvel pode cair consideravelmente, é também possível
que haja uma valorização causada
pela presença de bons vizinhos,
como parques públicos e nova
infra-estrutura de transportes.
Entre eles, as melhorias relacionadas a novas vias de acesso ou
a obras de lazer estão na frente
na lista de fatores de valorização.
"A construção de novas avenidas,
pontes e viadutos são um bom
ponto de referência para saber
se haverá valorização futura",
exemplifica Fábio Rossi Filho,
diretor da imobiliária Itaplan.
Rossi cita como exemplo um
empreendimento que comercializou recentemente no Tatuapé
(zona leste), que fica ao lado
de uma unidade da Febem.
"Apostamos na provável saída da
detenção e na sua transformação
em um espaço de lazer. Por isso
vendemos a preços mais baixos,
mas os compradores esperam valorização de até 20%", explica.
Outro exemplo de especulação
em relação a obras públicas é a
construção do Rodoanel. Segundo o diretor da Fernandez Mera,
Gonzalo Fernandez, a Granja Viana ficou 20% mais cara depois do
início das obras do anel viário.
Pensando na valorização com a
nova avenida Brigadeiro Faria Lima, a psicóloga Renata Bezerra,
44, decidiu mudar-se para um
apartamento próximo da via,
no Itaim Bibi (zona oeste). "Alguns apartamentos vendidos
por R$ 150 mil há quatro anos
custam hoje R$ 200 mil", diz.
Ilusões
Em contrapartida, o vice-presidente do Secovi-SP (sindicato das
imobiliárias e construtoras), Sérgio Lembi, adverte que muitos
imóveis são vendidos como
"mercados de ilusões". "Só se deve comprar o que pode ser visto, e
não o que pode vir a acontecer."
A localização é o apelo mais importante numa transação imobiliária, diz João D'Ávila, da Amaral
D'Ávila Engenharia de Avaliações. Por isso o consumidor não
deve se ater a especulações, tanto
para compra como para locação.
Terrenos na região do Carandiru (zona norte), por exemplo, tendem a se valorizar com a desativação do presídio. "Mas existe também o risco de a área acabar ficando inutilizada", afirma D'Ávila.
A região do shopping Anália
Franco, na zona leste, é um bom
exemplo disso. Por quase dez
anos, a obra ficou embargada,
mas prédios próximos ao local foram vendidos e supervalorizados.
Do outro lado da cidade, a construção de um shopping, como o
de Higienópolis, na região central,
apesar de ter mobilizado grande
parte dos moradores do bairro
contra o projeto, valorizou em até
20% os imóveis em seu entorno.
"Os fatores estudados são muitas vezes distintos: alguns valorizam um empreendimento e desvalorizam outros", diz o urbanista
da Urban Systems Fabio Duarte.
O superintendente da Lider,
Marcos Magalhães, exemplifica:
"Ter uma escola na frente de casa
pode valorizar um empreendimento de classe média, mas é péssimo para um alto padrão".
Algumas vantagens, entretanto,
são positivas independentemente
do imóvel. É o caso de praças, parques e vistas para zonas estritamente residenciais (Z-1).
"Por ter vista para uma Z-1,
lançamos um residencial a R$
2.700 o m2, enquanto outros,
a apenas um quarteirão, mas sem
essa mesma vista, valem só
R$ 2.000 o m2", compara o diretor
da Fernandez Mera.
(CA E MD)
Texto Anterior: O preço da vizinhança Próximo Texto: STJ julga mais um caso de rescisão Índice
|