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Hall da discórdia
Convenção do prédio é o principal argumento contra divergências ao decorar a área comum do andar
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Deborah Tosi se baseou nas regras do condomínio para manter a diferença na cor de sua porta
MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Às vezes o pecado que mora
ao lado é o da ira. Isso acontece
quando falta diálogo se um
morador muda a decoração
do hall do elevador sem consultar os vizinhos do andar.
Nesses casos, uma convenção de condomínio clara ajuda
na argumentação de todos
os lados: o do morador, o dos vizinhos ou o do síndico.
"É com base nessa convenção que são decididos os casos
de hall", afirma Maristela Borges, gerente da administradora
de condomínios Adbens.
Algumas convenções exigem
que a decoração dos halls de todos os andares seja padronizada -e isso inclui os modelos de
porta dos apartamentos.
Para Borges, o ideal é não ter
alterações no ambiente que
não sejam de comum acordo
entre vizinhos -mesmo se permitidas pelas regras do prédio.
"Em geral, só uma conversa
com o síndico já basta. Mas, se
o conflito se prolonga, o jeito é
deixar o espaço como ele está,
mesmo que seja básico, clássico
ou sem nenhum tipo de ornamentação", observa.
Portas
Com várias sugestões para
deixar as áreas comuns do seu
prédio mais bem decoradas, a
funcionária pública Deborah
Tosi, 49, só não concordou com
as do hall do seu andar.
"As outras portas são pintadas de marrom brilhante. Pintei a minha de branco", conta.
Na convenção do prédio onde ela mora, há menção apenas
ao modelo da porta -a cor não
é citada. "Foi esse o argumento
que utilizei", aponta.
Outro aspecto do ambiente
que mereceu atenção especial
de Tosi foi um conduíte exposto e de coloração diferente da
da pintura. "Comprei uma
planta de seda para disfarçá-lo.
O zelador dizia que aquilo causaria um incêndio."
Para não discutir sem argumentos, Tosi tirou fotos da
planta e levou as imagens ao
Corpo de Bombeiros. "Disseram que não havia problema.
No prédio, rebati as críticas
com a opinião do bombeiro, e a
discussão parou por aí", relata.
Medieval
Não são apenas problemas
relacionados à cor da porta que
tumultuam a convivência no
hall. Há quem goste de ir mais a
fundo na renovação do item
-do modelo ao material.
A esteticista Lina Magalhães,
45, teve problemas com um "vizinho artista". "Era uma porta
de estilo medieval, meio metálica, em um prédio que tinha
decoração moderna. Eu não
achava que era obrigada a conviver com aquilo", conta.
Magalhães pediu que o síndico intercedesse, e o vizinho
acabou tendo de tirar a porta.
"A relação ficou muito desgastada, o morador não entendia
por que não podia ter o modelo
que quisesse. Depois disso, ele
se mudou", lembra.
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