São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Hall da discórdia

Convenção do prédio é o principal argumento contra divergências ao decorar a área comum do andar

Marcelo Justo/Folha Imagem
Deborah Tosi se baseou nas regras do condomínio para manter a diferença na cor de sua porta

MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Às vezes o pecado que mora ao lado é o da ira. Isso acontece quando falta diálogo se um morador muda a decoração do hall do elevador sem consultar os vizinhos do andar.
Nesses casos, uma convenção de condomínio clara ajuda na argumentação de todos os lados: o do morador, o dos vizinhos ou o do síndico.
"É com base nessa convenção que são decididos os casos de hall", afirma Maristela Borges, gerente da administradora de condomínios Adbens.
Algumas convenções exigem que a decoração dos halls de todos os andares seja padronizada -e isso inclui os modelos de porta dos apartamentos.
Para Borges, o ideal é não ter alterações no ambiente que não sejam de comum acordo entre vizinhos -mesmo se permitidas pelas regras do prédio.
"Em geral, só uma conversa com o síndico já basta. Mas, se o conflito se prolonga, o jeito é deixar o espaço como ele está, mesmo que seja básico, clássico ou sem nenhum tipo de ornamentação", observa.

Portas
Com várias sugestões para deixar as áreas comuns do seu prédio mais bem decoradas, a funcionária pública Deborah Tosi, 49, só não concordou com as do hall do seu andar.
"As outras portas são pintadas de marrom brilhante. Pintei a minha de branco", conta.
Na convenção do prédio onde ela mora, há menção apenas ao modelo da porta -a cor não é citada. "Foi esse o argumento que utilizei", aponta.
Outro aspecto do ambiente que mereceu atenção especial de Tosi foi um conduíte exposto e de coloração diferente da da pintura. "Comprei uma planta de seda para disfarçá-lo. O zelador dizia que aquilo causaria um incêndio."
Para não discutir sem argumentos, Tosi tirou fotos da planta e levou as imagens ao Corpo de Bombeiros. "Disseram que não havia problema. No prédio, rebati as críticas com a opinião do bombeiro, e a discussão parou por aí", relata.

Medieval
Não são apenas problemas relacionados à cor da porta que tumultuam a convivência no hall. Há quem goste de ir mais a fundo na renovação do item -do modelo ao material.
A esteticista Lina Magalhães, 45, teve problemas com um "vizinho artista". "Era uma porta de estilo medieval, meio metálica, em um prédio que tinha decoração moderna. Eu não achava que era obrigada a conviver com aquilo", conta.
Magalhães pediu que o síndico intercedesse, e o vizinho acabou tendo de tirar a porta. "A relação ficou muito desgastada, o morador não entendia por que não podia ter o modelo que quisesse. Depois disso, ele se mudou", lembra.


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