São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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HALL DA DISCÓRDIA

Descontente arca com reforma para evitar briga

Ainda que só um pague alterações, todo o andar precisa aprová-las

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As chances de uma saída amigável para os conflitos na decoração do hall do elevador aumentam quando o incomodado usa um argumento financeiro para solucionar o dilema.
Para a síndica carioca Suely Duék, 62, muitos casos se resolvem quando quem está descontente paga sozinho pela reformulação do hall. "É aí que a outra parte fica mais flexível, e o problema, então, começa a ser resolvido", aponta.
Quando se mudou para um prédio, o consultor de segurança Bruno Naback, 48, deparou-se com um problema muito maior do que o aparador antigo e as flores artificiais que tanto o incomodavam no seu hall: a intransigência da sua vizinha.
"Na época em que reformei meu apartamento, apresentei um projeto de decoração do espaço, e ela achou muito caro. Acabei não fazendo a melhoria nesse período", conta.
Mesmo com a recusa dela em ajudar a custear a mudança, Naback ouvia comentários jocosos de seus visitantes em relação ao hall.
"Depois, perguntei se eu poderia fazer a decoração conforme meu gosto caso pagasse todas as despesas. Ela aceitou", lembra.
Com a aplicação de papel de parede e "rodatetos" de gesso, ele diz que deixou o local "bem mais bonito". Na convenção do seu condomínio, cada andar decora o espaço conforme o gosto dos moradores, desde que eles estejam de acordo.

Sem querer
Mas não é sempre que só o pagamento da nova decoração resulta no fim do conflito. A publicitária Roberta Nogueira, 35, teve uma boa intenção que, sem querer, causou rebuliço com o outro lado do hall.
Quando se mudou, seu vizinho estava viajando. Ela achou que ele ficaria satisfeito quando, ao voltar, conhecesse seu novo hall. "Fiz na boa vontade mesmo, sem a menor intenção de desagradar. Mudei a cor para um verde-claro e coloquei uma textura para deixar o ambiente mais aconchegante."
A reação do vizinho, no entanto, não foi a esperada. "Ele ficou insatisfeito e tive de desfazer todas as mudanças."
Mas Nogueira sabe onde errou. "Eu não conhecia a convenção, que pedia consulta ao vizinho e ao síndico no caso de reforma. Se eu a tivesse lido antes, teria esperado sua volta e economizado em reais e em dor de cabeça", pondera.
Para o consultor de conflitos Flávio Figueiredo, 49, esse é o ponto de partida da maioria dos problemas entre condôminos. "Como quase ninguém sabe o que está escrito na convenção do condomínio, todos acabam se prejudicando."
Em casos como o da publicitária Roberta Nogueira, a sugestão de Figueiredo é o bom senso -e sempre perguntar ao vizinho antes se está de acordo com as alterações.
Para que a briga de vizinhos não vire processo, a advogada Carla Boim sugere a mediação. "Alguém de fora pode oferecer novas possibilidades às partes e evitar a via judicial, que não é rápida", argumenta.
(MD)



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