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HOTÉIS
Superoferta em São Paulo faz preço cair na disputa pelas fatias de mercado; sobrevive quem tem fôlego financeiro
Redes expandem 1.247% em 18 anos
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os hotéis individuais perderam
espaço no mercado paulistano,
revela pesquisa da BSH Travel Research. O número de apartamentos de redes (incluindo flats) cresceu 1.247% nos últimos 18 anos
(1985-2003) -passou de 2.081
para 28.033 unidades. O maior
crescimento ocorreu na categoria
quatro estrelas (1.859% -de
1.035 para 20.277 unidades).
"A atividade dos hotéis de quatro ou cinco estrelas está globalizada", analisa Nelson Baeta Neves, 72, presidente da Abih-São
Paulo (Associação Brasileira da
Indústria de Hotéis). "Com a necessidade de buscar hóspedes fora
do Brasil, é preciso estar vinculado a cadeias internacionais, com o
nome da bandeira ou com um sistema de reservas", analisa.
Nesse cenário de superoferta,
acrescenta, tanto os proprietários
de flats quanto os donos de hotéis
têm empobrecido. "Na disputa
pelo hóspede, os preços baixam.
Sobrevive quem tem fôlego financeiro -ou seja, as grandes redes."
Ele lembra que cidades como Nova York conseguem manter um
valor médio de diária alto -superior a US$ 200, no caso dos
EUA- porque mantêm o equilíbrio entre oferta e demanda.
"Lá, com forte turismo cultural,
gastronômico e de negócios, há 37
milhões de visitantes por ano, para uma oferta de 66,5 mil unidades", contabiliza. "Em São Paulo,
há quase 60 mil apartamentos,
mas o número de visitantes não
chega a sete milhões", compara.
Insatisfatório
O cinco-estrelas Grand Hyatt
São Paulo, no Morumbi (zona
oeste), inaugurado em setembro
de 2002, valeu-se da diversidade
de serviços -tem uma área de
eventos e um spa, além de restaurantes- para compensar os resultados "insatisfatórios" oriundos da receita dos apartamentos.
"Quando compramos o terreno
para construí-lo, em 1997, a expectativa era boa, mas a economia
mudou muito desde então", explica Myles McGourty, 45, vice-presidente para a América do Sul
da Hyatt International. No primeiro ano de operação, a taxa de
ocupação não passou dos 30%,
sendo que a meta era de 60% a
65% na época do projeto.
"Desde setembro de 2003, notamos um leve crescimento. Fechamos fevereiro deste ano com 40%,
impulsionados por uma grande
convenção médica no bairro",
afirma. "E, para março, o objetivo
é aproximar dos 50%."
Investidores
Entre as saídas adotadas pelos
grandes grupos empresariais para
a crise, está a comercialização das
unidades dos hotéis de cinco estrelas como se fossem flats. "O risco do negócio, nesse caso, passa a
ser dos condôminos, que adquirem os apartamentos como investimento. É fácil expandir assim",
pondera o presidente da Abih.
(EDSON VALENTE E MARLENE PERET)
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