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PLANO DIRETOR EM DEBATE
Moradores pedem mudanças no zoneamento para privilegiar comércio legal e moradia popular
Camelódromo e abandono desafiam Brás
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ambulantes, estrangeiros, confecções, galpões. O Brás é uma
espécie de torre de Babel. Em
meio a essa impressionante mistura de grupos e de atividades, os
moradores querem conservar o
patrimônio de uma das regiões
mais tradicionais da cidade.
Antes industrial, o distrito (que
contém o bairro do Brás) viu fabricantes como a Souza Cruz (cigarros) abandonarem suas atividades produtivas no local. Hoje,
há muitos galpões abandonados.
"Se alterassem a lei de zoneamento, poderia ser despertado
o interesse de construtoras e imobiliárias", acredita Roberto de
Almeida, 53, presidente do Conseg (Conselho Comunitário
de Segurança) Brás-Mooca.
Adensar parece mesmo ser uma
hipótese viável, opina Eduardo
Della Manna, diretor do Secovi-SP (sindicato das construtoras e
imobiliárias). "Pode-se incrementar o uso residencial para camadas sociais de baixa renda, ajudando a revitalizar o centro."
Almeida, do Conseg, aponta
aquele que diz considerar o grande problema do Brás: a presença
excessiva de camelôs, sobretudo
no largo da Concórdia, que, segundo ele, prejudicam o comércio formal e sujam as ruas.
As associações de moradores
também reclamam. "A má organização dos ambulantes depõe
contra o bairro", declara Carlos
Alberto Pereira, 44, presidente da
Amabrás (Associação dos Moradores e Amigos do Brás).
Ele sugere que o Plano Diretor
determine a ocupação de uma
área específica, a fim de que "não
atrapalhe os transeuntes". Outro
aspecto que preocupa é a
estruturação do distrito.
"Problemáticas"
"Temos um posto de saúde, pequeno e de difícil acesso", contabiliza Marina Ueno, vice-presidente da Associação do Bom Jesus do Brás. "Sentimos falta de
um grande hospital e de redes de
supermercado de médio porte."
De outro lado, nota-se a presença maciça de instituições sociais
"problemáticas", como a Febem.
"Geram insegurança e são como
uma bomba prestes a explodir",
define o presidente da Amabrás.
Existem ainda albergues que
dão abrigo noturno a muitos
moradores de rua que vêm de outras regiões da cidade. "Durante o
dia, eles vagam pelo distrito",
declara Roberto de Almeida.
"Há propostas de revitalização
de algumas áreas, como as proximidades da rua Maria Marcolina", explica a subprefeita Harmi
Takiya, 40. "Os comerciantes sugerem também uma espécie de
turismo de negócios, já que muitas pessoas de fora do Estado vêm
para fazer compras no distrito e
ficam por dois ou três dias."
Esse fluxo de compradores faz
com que faltem estacionamentos
para ônibus fretados, lembra Pereira. "Poderia ser criada uma minirrodoviária para eles", sugere.
(EDSON VALENTE)
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