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EXPLOSÃO HORIZONTAL
Em cinco anos, número de condomínios de casas cresce 532% na Grande São Paulo
Paulistano recupera quintal, mas não se livra dos muros
MARLENE PERET
DO DATAFOLHA
PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
EDITORA DE SUPLEMENTOS
A garotinha Debby Lagranha,
10, não é a única paulistana que
quer mudar-se para um condomínio de casas. São Paulo vive hoje uma explosão horizontal: nos
últimos cinco anos, o crescimen-
to do número de imóveis desse tipo foi de 520%, na capital, e de
575%, na região metropolitana.
Quem foi atrás de qualidade de
vida e fugiu da violência urbana
migrou para as vizinhas Barueri e
Cotia (32 km e 33 km a oeste da
capital), que juntas somam 49,4%
das 5.267 casas em condomínio
colocadas à venda de 1997 a 2001,
revela estudo do Datafolha a partir de estatísticas da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações.
Mas mudar-se da capital ainda é
uma decisão que envolve alto risco de arrependimento. Que o diga
o executivo Waldemar Jezler Filho, 47, que, por sete anos, enfrentou 200 km diários de estrada:
"Queria qualidade de vida e segurança para a minha família". Neste ano, quando seu filho passou
no vestibular, arrumou as malas e
retornou. "Não faz sentido ele
passar pelo que passei", justifica.
Na capital, muros altos agora
cercam condomínios horizontais
em 41 dos 96 distritos: até 97,
eram encontrados em apenas dez.
As construtoras elegeram o Morumbi, que lançou 188 casas em 19
empreendimentos; a classe média
optou pelo Rio Pequeno, com 512
casas em 13 empreendimentos.
""Esses condomínios criaram
um paradoxo: de um lado, favorecem as relações entre os moradores; do outro, criam áreas muradas, o que é perverso para cidades
grandes, pois perde-se o contato
intra-social", afirma Bruno Padovano, 51, professor da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo.
""As pessoas estão buscando um
ambiente de morar mais humanizado. É uma fuga da agressividade
do mundo além dos muros", diz
Doris Kowaltowski, coordenadora do curso de arquitetura da Universidade Estadual de Campinas.
Colaboraram Cássio Aoqui, Elenita
Fogaça, Leila Araújo e Rosangela de
Moura.
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