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BALANÇO
Oferta cresce, vendas caem e crédito escasseia; momento é ideal para obter descontos com propostas à vista
Mercado tem o pior desempenho dos últimos dez anos
EDSON VALENTE
E ELENITA FOGAÇA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Famílias com renda de até
R$ 4.500 e que compraram imóveis financiados na faixa de R$ 80
mil salvaram o mercado imobiliário de São Paulo de um colapso
geral. Dados divulgados pelo Secovi (sindicato de construtoras e
imobiliárias) revelam que, em
2003, o setor teve o desempenho
mais negativo desde o início do
Plano Real (1994). "Pior do que
esteve, não pode ficar", diz Romeu Chap Chap, 70, presidente.
A estimativa é que 2003 feche
com 12.500 unidades vendidas,
contra 14.732 de 2002 -queda de
15%. A maioria das transações
(65%) envolveram imóveis de
dois e três dormitórios, diferentemente das de 2002, quando prevaleceram os de alto padrão (acima de R$ 450 mil). "Essa era a
grande expectativa para o ano,
que terminou frustrando construtores e vendedores", analisa
Ana Maria Castelo, 42, consultora
da Fundação Getulio Vargas.
"No segundo semestre de 2002,
com as altas do dólar e do risco
Brasil, aliadas às incertezas do sistema financeiro, quem tinha dinheiro decidiu investir em imóveis, e isso representou uma promessa que não vingou em 2003",
explica. "Os compradores de alto
padrão passaram a aplicar no
mercado financeiro altamente
rentável", corrobora Chap Chap.
Com isso sobraram ofertas.
Balanço da consultoria Embraesp
(Empresa Brasileira de Estudos
do Patrimônio) mostra que, até
novembro, foram lançadas 5.081
unidades de quatro dormitórios.
"Mas nem todas de alto padrão",
observa Luís Paulo Pompéia, 50,
diretor. Para ele, as vendas de
imóveis estão em baixa em razão
dos preços altos. "Os imóveis de
dois quartos sofreram um aumento de 61% em relação a 2001.
E, se o preço não cair em 2004, o
estoque ficará encalhado", diz.
Compra à vista
Como existem muitos imóveis
no mercado, "o comprador que
tem dinheiro em mãos tem o privilégio de poder escolher entre várias opções e negociar descontos
no preço final", afirma Sergio
Vieira, 58, vice-presidente da
imobiliária Coelho da Fonseca.
A estimativa da Embraesp é
que, até 31 de dezembro, o número de lançamentos seja superior a
34 mil unidades. Mas, se os preços
continuarem no patamar atual,
não será com os recursos da Caixa
Econômica Federal que a população conseguirá comprar a casa
própria. Hoje, pelo FGTS, estão
disponíveis R$ 3 bilhões para famílias com renda de até R$ 3.670 e
que vão comprar imóveis de até
R$ 72 mil, além de outros R$ 450
milhões para quem ganha até R$
4.500 e vai adquirir um bem que
não ultrapasse os R$ 80 mil.
Basílio Jafet, 46, vice-presidente
de incorporações do Secovi, está
confiante para 2004. "Há sinalização de que a CEF flexibilizará as
condições de acesso ao crédito
imobiliário e de que os recursos
da poupança aumentarão."
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