|
Próximo Texto | Índice
SÃO PAULO EM ZONAS - LESTE
2003 foi o pior período dos últimos cinco anos para a área, cujo mercado encolheu; Tatuapé atrai maior parte dos investimentos
Lançamentos caem 7% e região vive crise
Divulgação Base Aerofoto
|
|
Vista aérea do Tatuapé, distrito que concentrou a maior quantidade de lançamentos de edifícios (45) e também de apartamentos (4.405) nos últimos cinco anos na zona leste, seguido pela Mooca
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O mercado imobiliário da zona
leste não acompanhou, entre 1999
e 2003, o bom desempenho registrado nas zonas norte, sul e oeste,
que cresceram mais de 40% no
período. Longe disso, o número
de lançamentos na região caiu
7%, e o de unidades, 13%.
Em 2003, o contraste se acentuou -foi o melhor ano para o
mercado imobiliário na média da
cidade inteira, mas o pior do
qüinqüênio na zona leste.
"O ano passado foi um período
de recessão econômica e de desastre para o mercado imobiliário",
diz Emílio Haddad, 56, professor-doutor da FAU-USP (Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo). "Em
vez de investirem na construção,
alguns empresários preferiram o
mercado financeiro", afirma.
E isso foi percebido particularmente na zona leste, "onde a renda média da população é menor",
lembra Lucimar Fernandes, 43,
diretor administrativo da Hernandez, incorporadora que tem a
região como principal foco.
Para Celso Amaral, 44, sócio da
Amaral d'Avila Engenharia de
Avaliações, o maior problema é
mesmo a renda. "Com exceção de
Tatuapé, Mooca e Penha, os incorporadores não se sentem atraídos para investir", diz. "Há espaço à vontade, os terrenos, em geral, não são caros. Mas, se lançarem, quem vai comprar?"
Fernandes aponta outro fator limitador do mercado local, o bairrismo. "[O mercado] é restrito e
atende a compradores da própria
zona leste. Empresários que
atuam em bairros mais periféricos, como São Mateus, São Miguel ou Ermelino Matarazzo, por
exemplo, têm interesse em morar
no Tatuapé, que é mais nobre."
A zona leste sofre ainda com a
construção "informal". "As pessoas constroem loteamentos clandestinos", conta Haddad. "Acontece muito em São Miguel, no
Itaim Paulista e em São Mateus,
mesmo em torno de Cohabs."
Recordista
O Tatuapé foi o grande campeão em desempenho no período,
com 45 empreendimentos e 4.405
unidades lançadas. O distrito é
também o segundo colocado no
ranking de apartamentos da cidade, com 4,3% do total de obras.
Os atrativos? "Ele tem maior
acessibilidade, fica mais próximo
do centro e possui uma população com renda mais alta", enumera Haddad. "Ali há concentração
de serviços e de equipamentos de
lazer, como shopping centers",
completa Elizabeth Goldfarb, 50,
ex-vice-presidente e atual conselheira da Asbea (associação dos
escritórios de arquitetura).
Outro "oásis" de luxo na zona
leste é o Jardim Anália Franco,
bairro da Vila Formosa. "O padrão ali é altíssimo", observa Regina Monteiro, 47, presidente do
Movimento Defenda São Paulo.
"Há muitos empreendimentos de
quatro e de cinco dormitórios,
com 500 m2, 600 m2. Os incorporadores perceberam que havia ali
empresários com dinheiro, que
buscavam morar no local", diz.
Mas a valorização excessiva pode acabar espantando o mercado,
opina Amaral. "Os terrenos estão
muito caros. Vale mais a pena para os empreendedores investir em
bairros como Moema, que têm
maior liquidez." Segundo especialistas, contudo, a região reserva
o maior potencial de crescimento
da cidade.
Próximo Texto: Apartamentos pequenos são maioria Índice
|