São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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DESPESA

Com dissídio em outubro e 13º salário de funcionários, prédio gasta 60% mais

Condomínio terá aumento de até 30% no final do ano

EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No final do ano, quem mora em apartamento não gastará só a ponta do lápis fazendo contas. Em outubro, novembro e dezembro, o dissídio de funcionários de condomínios e o 13º salário elevarão as despesas em até 30%.
O dissídio de 6,1% vale a partir de sexta-feira. "Só isso aumentará o custo condominial em 3,3%", calcula Claudio Anauate, 58, presidente da Aabic (associação de administradoras de São Paulo).
Vale lembrar que esse não se- rá um aumento sazonal, mas permanente -diferentemente do 13º salário. "E é preciso considerar gratificações natalinas, despesas com decoração e "caixinhas" de carteiros e lixeiros", enumera.
Juntos, esses gastos representam um adicional de até 60% no valor do condomínio, que geralmente é diluído entre os últimos dois (30% em cada um, neste ano) ou três meses do ano (20%).
Hubert Gebara, 68, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), afirma que o aumento da conta mensal do prédio "pode chegar a 28%, uma vez que a folha de pagamento e os encargos correspondem a cerca de 50% das despesas condominiais".

Pé-de-meia
Há estimativas mais otimistas, como a de Renata Tasso, 42, gerente de atendimento ao cliente da administradora Lello Condomínios. "Acredito que o aumento vá ser de até 10%." Isso para quem fez provisões ao longo do ano, parcelando os gastos estimados.
"A provisão é aprovada em assembléia ordinária dos condôminos. Sugerimos que o dinheiro seja guardado em uma poupança, para ir rendendo", orienta Tasso.
Mas há prós e contras na estratégia de diluir esse custo. Por um lado, poupar em grupo "é uma forma mais suave de amealhar recursos", pondera Anauate.
Por outro, há os condôminos que dizem "ter melhores condições que o condomínio para ge- rir o próprio dinheiro". Assim, eles preferem desembolsar o valor de uma vez só (quando recebem o 13º salário) ou fazer um pé-de-meia por conta própria.
"O fundo de reserva do condomínio ao longo do ano é mais comum em prédios comerciais e nos residenciais com moradores de maior poder aquisitivo", diz Fernando Martins, diretor-presidente da administradora Itambé.
Gebara recomenda a provisão. "Se não for feita, pode prejudicar quem compra um apartamento em novembro e arca com a despesa de 13º salário do ano todo."
Em um condomínio no Tatuapé, o síndico Amauri Gomes, 48, conta que adotou o procedimento para "manter a estrutura funcional financeiramente saudável". "Aplicamos durante o ano em fundos de investimento", afirma.

Inadimplência
Uma outra preocupação de síndicos e administradoras é a inadimplência neste final de ano. "Por conta das despesas com 13º e encargos, ela deve aumentar em cerca de 5%", prevê Martins.
A volta das festas e das férias também pode ser problemática para os prédios, lembra Rodrigo Matias, 27, diretor da Matias Imóveis. "As pessoas viajam e deixam de pagar o condomínio no início do ano. Os boletos de janeiro devem ser enviados com antecedência, em meados de dezembro."
Outra saída para os condôminos é efetuar os pagamentos pela internet, serviço disponibilizado por algumas administradoras.
Os aumentos do final do ano vêm agravar ainda mais o fato de as mensalidades de condomínio terem subido acima da inflação, entre junho de 2003 e junho de 2004, segundo a Aabic. O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) do período foi de 9,61%, contra 12,40% de aumento médio da taxa condominial em São Paulo.
"A inadimplência aumentou e as contas de água e de energia subiram acima da inflação", explica Matias. "Em 2003, muitos prédios, para não aumentarem a taxa de condomínio, usaram os fundos de reserva, que tiveram de ser repostos em 2004."
Além disso, ressalta Tasso, da Lello, "os contratos, como os de manutenção de elevadores, também são reajustados por índices mais altos que o da inflação".


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