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DESPESA
Com dissídio em outubro e 13º salário de funcionários, prédio gasta 60% mais
Condomínio terá aumento de até 30% no final do ano
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No final do ano, quem mora em
apartamento não gastará só a
ponta do lápis fazendo contas.
Em outubro, novembro e dezembro, o dissídio de funcionários
de condomínios e o 13º salário
elevarão as despesas em até 30%.
O dissídio de 6,1% vale a partir
de sexta-feira. "Só isso aumentará
o custo condominial em 3,3%",
calcula Claudio Anauate, 58, presidente da Aabic (associação de
administradoras de São Paulo).
Vale lembrar que esse não se-
rá um aumento sazonal, mas
permanente -diferentemente
do 13º salário. "E é preciso considerar gratificações natalinas, despesas com decoração e "caixinhas"
de carteiros e lixeiros", enumera.
Juntos, esses gastos representam um adicional de até 60% no
valor do condomínio, que geralmente é diluído entre os últimos
dois (30% em cada um, neste ano)
ou três meses do ano (20%).
Hubert Gebara, 68, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato da
habitação), afirma que o aumento
da conta mensal do prédio "pode
chegar a 28%, uma vez que a folha
de pagamento e os encargos correspondem a cerca de 50% das
despesas condominiais".
Pé-de-meia
Há estimativas mais otimistas,
como a de Renata Tasso, 42, gerente de atendimento ao cliente
da administradora Lello Condomínios. "Acredito que o aumento
vá ser de até 10%." Isso para quem
fez provisões ao longo do ano,
parcelando os gastos estimados.
"A provisão é aprovada em assembléia ordinária dos condôminos. Sugerimos que o dinheiro seja guardado em uma poupança,
para ir rendendo", orienta Tasso.
Mas há prós e contras na estratégia de diluir esse custo. Por
um lado, poupar em grupo "é
uma forma mais suave de amealhar recursos", pondera Anauate.
Por outro, há os condôminos
que dizem "ter melhores condições que o condomínio para ge-
rir o próprio dinheiro". Assim,
eles preferem desembolsar o valor
de uma vez só (quando recebem
o 13º salário) ou fazer um pé-de-meia por conta própria.
"O fundo de reserva do condomínio ao longo do ano é mais comum em prédios comerciais e
nos residenciais com moradores
de maior poder aquisitivo", diz
Fernando Martins, diretor-presidente da administradora Itambé.
Gebara recomenda a provisão.
"Se não for feita, pode prejudicar
quem compra um apartamento
em novembro e arca com a despesa de 13º salário do ano todo."
Em um condomínio no Tatuapé, o síndico Amauri Gomes, 48,
conta que adotou o procedimento
para "manter a estrutura funcional financeiramente saudável".
"Aplicamos durante o ano em
fundos de investimento", afirma.
Inadimplência
Uma outra preocupação de síndicos e administradoras é a inadimplência neste final de ano.
"Por conta das despesas com 13º e
encargos, ela deve aumentar em
cerca de 5%", prevê Martins.
A volta das festas e das férias
também pode ser problemática
para os prédios, lembra Rodrigo
Matias, 27, diretor da Matias Imóveis. "As pessoas viajam e deixam
de pagar o condomínio no início
do ano. Os boletos de janeiro devem ser enviados com antecedência, em meados de dezembro."
Outra saída para os condôminos é efetuar os pagamentos pela
internet, serviço disponibilizado
por algumas administradoras.
Os aumentos do final do ano
vêm agravar ainda mais o fato de
as mensalidades de condomínio
terem subido acima da inflação,
entre junho de 2003 e junho de
2004, segundo a Aabic. O IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado) do período foi de 9,61%, contra 12,40% de aumento médio da
taxa condominial em São Paulo.
"A inadimplência aumentou e
as contas de água e de energia subiram acima da inflação", explica
Matias. "Em 2003, muitos prédios, para não aumentarem a taxa
de condomínio, usaram os fundos de reserva, que tiveram de ser
repostos em 2004."
Além disso, ressalta Tasso, da
Lello, "os contratos, como os de
manutenção de elevadores, também são reajustados por índices
mais altos que o da inflação".
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