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ARQUITETURA
Construtores e consumidores estão em busca de um novo estilo
"Popularizado", neoclássico sai de moda no alto padrão
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Assim como no mundo fa-
shion, os estilos dos imóveis em
São Paulo são ditados pela moda.
Pelo menos é o que diz o arquiteto
Roberto Candusso, 59, formado
pela Universidade de Mogi das
Cruzes e autor de 950 projetos. "O
ser humano vive desse tipo de influência. Necessita de modismo."
O fato de o neoclássico ter imperado, nos últimos três anos, como
um grande diferencial, nada mais
é do que um resgate da moda lançada, nos anos 60, por Adolpho
Lindenberg, opina. Segundo Candusso, o que era um produto exclusivo do alto padrão foi reeditado e hoje está até nos "populares".
"Quando a moda de roupas cai
no gosto popular, as pessoas de
melhor poder aquisitivo migram
para as novidades", explica. Para
ele, o arquiteto não tem de buscar
novas referências de clássicos,
modernos ou contemporâneos.
"Ele precisa evoluir e apresen-
tar novas propostas visuais."
Israel Rewin, 59, que assina pelo
menos 500 projetos arquitetônicos na cidade, defende que a repetição do uso do neoclássico já venceu seu tempo. "Para oferecer o
estilo para as classes média e média baixa, foi preciso baratear tanto os custos que a cidade está repleta de "monstrinhos" anunciados como neoclássicos", critica.
Os dois arquitetos reconhecem
que o Brasil não tem histórico de
arquitetura própria e é preciso
apresentar algo novo ao mercado.
"Os construtores e os consumidores estão cansados das mesmas
coisas", diz Rewin, que é formado
pela Universidade Mackenzie.
Já o arquiteto Itamar Berezin,
40, também oriundo da Universidade de Mogi das Cruzes, diz que
seu escritório, responsável por
800 projetos, busca sempre ter
uma linguagem própria, mas,
mesmo assim, é como dar uma
nova leitura ao neoclássico.
"As pessoas gostam do status proporcionado pelo estilo, e as construtoras vendem. Por isso, no alto
padrão, ele é sempre atual."
Para os decoradores Brunete
Fraccaroli, 40, e João Armentano,
42, o estilo neoclássico da fachada
não influencia na opção da ambientação interior. "São amplos e
absorvem qualquer estilo", diz
Brunete. "O fato de não terem bico e serem retos permite tudo."
João Armentano afirma que a
decoração tanto dos prédios modernos como dos clássicos pode
ser da forma que o morador quiser, e os contrastes do antigo com
o moderno são bem-vindos.
No entanto, o decorador faz algumas críticas. "Acho o pior do
pior trabalhar, em pleno século
21, com estilos clássicos e ingleses,
entre outros. Podemos lidar com
a essência de um deles, mas nunca
copiá-lo ou reproduzi-lo. Só
desvaloriza o imóvel, é triste, é
pequeno. Mas é a realidade", desabafa Armentano.
(ELENITA FOGAÇA)
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