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PLANO DIRETOR EM DEBATE
Comércio ilegal, trânsito acentuado e pressão imobiliária também preocupam moradores
Jardim Paulista quer continuar verde
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Continuar sendo, literalmente,
um jardim paulista. Esse é o principal "desafio" dos moradores
de um dos distritos mais arborizados de São Paulo, os Jardins,
na zona oeste de São Paulo.
O tradicional reduto das classes
média alta e alta, onde estão bairros como Cerqueira César, Jardim
América, Jardim Paulista e Jardim
Europa, elegeu a preservação
do verde como ponto de partida
para debater o plano regional.
"O adensamento mal planejado
e a derrubada de árvores comprometem a permeabilidade do solo
e o ciclo da água", diz Myrian Barcellos, da Sajep (associação de
moradores). Segundo ela, o problema é agravado pela proximidade da bacia do rio Pinheiros.
Já a Samorcc (associação de
moradores) quer implantar o
projeto "Alamedas Verdes", no
qual os próprios habitantes plantarão e cuidarão das árvores.
O som que mais se houve nas
"matas" da região também está
longe de ser o canto dos pássaros.
A moradora Célia Smith, 42, chama a atenção para o barulho provocado por "estabelecimentos irregulares", sobretudo próximo à
rua da Consolação. "Não se consegue dormir. Bares e boates desobedecem à Lei de Silêncio."
O urbanista Cândido Malta Filho, 65, preocupa-se com a circulação de veículos. "Queremos impedir que ruas como Sampaio Vidal e Canadá virem corredores de
tráfego." Para tanto, ele cobra do
plano regional um projeto de
transportes eficaz, articulado ao
de uso do solo e de habitação.
"A saída é desenvolver a malha
de linhas de ônibus e a de metrô, e
restringir a verticalização à capacidade de circulação", diz.
Gabriel Monteiro da Silva
Uma das maiores polêmicas no
bairro diz respeito à ocupação da
alameda Gabriel Monteiro da Silva por lojas irregulares. "Virou
um chapadão de cimento", compara a advogada Patrizia Coelho.
Para ela, a definição de corredor
de uso de serviços -e não comercial- não vem sendo respeitada:
"As lojas têm showrooms e também vendem no mesmo espaço".
As construtoras também serão
combatidas. Barcellos fala de uma
"pressão imobiliária desenfreada" no distrito -condomínios
horizontais em grandes lotes.
"Trouxeram para cá a qualidade
de vida das favelas, em que o morador abre a janela e surpreende o
vizinho em trajes menores."
Para Claudio Bernardes, do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias e construtoras), a qualidade
de vida "é uma questão conjuntural" e não depende só do mercado
imobiliário. "O plano de zoneamento discutirá o assunto."
(EDSON VALENTE)
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