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PLANO DIRETOR EM DEBATE
Efervescência cultural acirra disputas
Moradores e construtoras duelam na Vila Mariana
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A efervescência cultural do distrito da Vila Mariana, na zona sul
de São Paulo, tem motivado o que
deve se tornar a maior disputa
de seu plano regional: a luta de interesses entre empreendedores
imobiliários e moradores antigos.
Só na região, que inclui ainda os
bairros Chácara Klabin, Paraíso e
Vila Clementino, existem 65 escolas, entre públicas e particulares,
e importantes instituições culturais, como o Sesc Vila Mariana e
a Cinemateca de São Paulo.
A valorização consequente tem
atraído, na mesma proporção,
novas construções e conflitos.
O principal deles já chegou à Justiça: o prédio do Instituto Biológico de São Paulo, tombado neste
ano. Não poderia haver construções que obstruíssem sua visibilidade em um raio de 300 metros,
mas cinco edifícios começaram a
ser construídos no local.
Por meio de ações públicas, os
moradores tentam brecar as
obras. "O adensamento indiscriminado causa problemas ao trânsito e compromete a nossa qualidade de vida", diz Osmar Barutti,
53, pianista do Sexteto do Jô.
Ele pondera que a construção
de prédios na Vila Mariana beneficia uma parcela muito pequena
da população, uma vez que os
imóveis são de alto padrão. "E há
quem compre apartamentos caríssimos apenas para especular."
A coordenadora da AMA (associação de moradores), Rosana
Miranda, concorda: "Os imóveis
não atendem ao padrão de renda
dos habitantes do bairro. Consequentemente, provocarão a expulsão dos moradores, que migrarão para áreas mais baratas".
Já o engenheiro Luiz Celio Bottura acredita que "é possível
adensar com inteligência". "A
densidade de construção do bairro é baixa. Só que, ao estabelecer
limitações para construir, o Plano
Diretor eliminou a possibilidade
de consertar a cidade", analisa.
Claudio Bernardes, do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias e
construtoras), diz que, embora
desconheça o caso do Instituto
Biológico, é contra o descumprimento da lei. "Só se deve construir onde a lei permite, mesmo se não concordamos com ela."
Outorga onerosa
A AMA propôs ao Plano Diretor
uma emenda cuja maioria dos
itens foi rejeitada, como a participação dos moradores para conceder outorga onerosa. O instrumento, previsto no Plano Diretor,
permite aos construtores ampliar
o potencial construtivo do imóvel
com o pagamento de taxas.
"A prefeitura pode aprovar um
projeto tecnicamente, mas a população incomodada precisa ser
ouvida", reclama Miranda, da
AMA. Uma outra requisição está
relacionada à preservação dos
chamados bolsões internos residenciais. Todo adensamento ficaria, então, restrito a corredores
como os das ruas Domingos de
Morais e Vergueiro.
Os moradores defendem ainda
a construção de duas passagens
de acesso ao parque Ibirapuera,
para pedestres e bicicletas, além
de espaços públicos para a circulação de idosos.
(EV)
Associações de moradores: AMA:
0/xx/11/5579-4261; Sajep: 0/xx/11/ 3819-0951; Samorcc: 0/xx/
11/ 3064-0775
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