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aniversário
O lado negro do Google
Superbuscador completa dez anos de sucesso entre críticas e ações judiciais
EMERSON KIMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Don't be evil", não seja mau.
Esse é o lema corporativo adotado pelo Google, que promete
no seu código de conduta "fornecer aos nossos usuários acesso imparcial a informação, focar em suas necessidades e dar-lhes os melhores produtos e
serviços que pudermos". O lema "é também sobre fazer a
coisa certa de um modo mais
geral -a seguir as leis, a agir
com honra, a tratar aos outros
com respeito".
Mas será a maldade algo
mensurável? Para o Google,
sim -pelo menos quando entram em jogo certos interesses.
"Nós fizemos um escala de maldade e decidimos que não fornecer nada seria um mal pior",
disse Eric Schmidt, chefe-executivo da empresa, em 2006, a
respeito do fornecimento do
serviço na China, onde o buscador aceitou adotar restrições
impostas pelo governo do país .
No próximo domingo, o Google completa dez anos de sucesso e polêmica, com incontáveis
-mais de cem- intimações e
processos judiciais.
Em abril, um casal de Pittsburgh (EUA) acusou o Google
de invasão de privacidade após
sua casa, que fica em uma rua
particular, aparecer no Street
View, recurso que exibe seqüências de fotografias de várias localidades em 360º no nível do solo. Não foi o primeiro
caso do tipo -há relatos de
imagens de homens saindo de
casas de strip-tease ou enfiando o dedo no nariz.
A solução dada pelo Google: o
interessado deve solicitar a remoção da imagem por meio de
ferramenta do próprio site. Ou
seja, quem não queria aparecer
no mundo exposto pela empresa precisava avisá-la disso, já
que ela agia como se todos quisessem dar as caras. Os incomodados que se retirassem.
Em 2002, Daniel Brandt, um
voraz crítico do Google (por interesses pessoais, há quem diga), já questionava o rastreamento de informações dos
usuários -como termos pesquisados, datas e número do IP
do usuário.
O Gmail e outros produtos
aumentaram consideravelmente a quantidade de informações pessoais armazenadas
pelo Google, e a oferta pública
de ações levantou dúvidas sobre o que a companhia poderia
fazer com esses dados a fim de
maximizar seus lucros para
agradar seus investidores.
No ano passado, a ONG Privacy International classificou
23 empresas de acordo com
suas práticas em relação à privacidade. Apenas o Google
atingiu o nível mais grave. Apesar de tantos apelos, foi somente em julho deste ano que o
Google colocou um link na página principal do site para o seu
Centro de Privacidade.
Outro lado
"Não conseguimos antever
todos os problemas, debates
éticos e filosóficos" que um
produto poderá causar, diz Felix Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil.
"Qualquer empresa que investe
em tecnologias novas vai se deparar com problemas."
E, quando a discussão ocorre,
o Google não fica parado, diz
ele, dando o exemplo do Street
View, que agora tem um software que automaticamente
borra o rosto das pessoas e a
placa dos carros fotografados.
De fato, nos testes da Folha foi
difícil achar esses elementos
com nitidez.
O diretor diz que não é preciso se preocupar com os cookies, pois eles são utilizados
apenas para melhorar as buscas do usuário. Para ele, toda
essa preocupação com a privacidade é "justificável", mas as
pessoas podem ficar tranqüilas
quando a empresa é "séria".
Quanto às acusações de violação de direitos autorais por
meio da busca de textos de livros, Ximenes explica que as
obras são disponibilizadas pelo
Google apenas após acordo
com os donos dos direitos.
CONSPIRAÇÃO
"Master Plan" (masterplanthemovie.com) é um filme "sobre o poder do Google"; dirigido por Ozan Halici e Jürgen Mayer, foi baseado no livro "The Google Story", do jornalista David Vise
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