São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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entretenimento

Buscas na rede dão conteúdo para teatro

EXPERIMENTAL >> Trabalho, que usa registros de pesquisas, dá prosseguimento à tendência de integrar a tecnologia às artes

KATHY MATHESON
DA ASSOCIATED PRESS

Há, sem dúvida, vários termos bizarros colocados nos sites de busca da internet: "mange" (ronha, um tipo de sarna), "human mold" (molde humano), "white camellia" (camélia branca), "dying Elmo" (Elmo moribundo).
Tais palavras poderiam servir como pista para encontrar uma pessoa desaparecida? Essa é a premissa de que parte "User 927" (usuário 927), uma nova peça de teatro encenada na Filadélfia que mistura ficção e realidade ao contar a história de uma pessoa que desaparece de uma cidade do Meio-Oeste norte-americano. "É a primeira peça do mundo baseada em um registro de busca", afirmou o diretor da produção, Michael Alltop (www.bratproductions.org).

Como tudo começou
O fio da meada do enredo é o registro de buscas realizadas on-line por um cliente de carne e osso da AOL -identificado apenas como Usuário 927-, registro esse divulgado dois anos atrás, em uma gafe de violação de privacidade bastante comentada à época.
Apesar de a AOL ter colocado identificações numéricas no lugar dos nomes reais, houve pistas suficientes para que os jornais "The New York Times" e "The Washington Post" rastreassem dois dos usuários e os identificassem. A identidade do Usuário 927 continua a ser desconhecida.
Alltop, no entanto, ficou tão fascinado com as buscas estranhas realizadas por esse usuário, incluindo buscas por perturbadoras imagens de cunho sexual, que encomendou uma peça de 90 minutos que girasse em torno do registro.
A escritora Katharine Clark Gray, 30, amiga do diretor, criou a história de uma mãe e de sua filha adolescente que se mudam do Brooklyn, em Nova York, para a cidadezinha fictícia de Osterville em busca de uma vida mais simples.
A mãe decreta um verão analógico para as duas -sem internet, sem e-mail, sem computador. Mas a filha vai escondida à biblioteca, onde passa a usar o computador e explora um site realmente existente que possui cópias dos registros da AOL.
A platéia consegue ler o conteúdo das buscas em telas colocadas no alto do palco enquanto Deena e seus amigos vasculham os registros.
Na vida real, a AOL pediu desculpas por ter divulgado o registro. Mas o fato de os dados continuarem disponíveis e de as pessoas continuarem interessadas levanta a questão central da peça: uma pessoa é aquilo pelo que procura?

Conexões
Gray, a dramaturga que, neste mês, recebeu uma bolsa da Pew Fellowship in the Arts para artistas da região de Filadélfia, disse que a história gira em torno das conexões analógicas e tecnológicas que as pessoas fazem em suas vidas.
O conceito subjacente à peça "User 927" dá prosseguimento à tendência de integrar a tecnologia às artes, acrescentou Steve Jones, professor de comunicação na Universidade de Illinois em Chicago.


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO

"DIGGOOGLE"
O Google pode comprar o Digg (digg.com) por cerca de US$ 200 milhões. A informação foi veiculada pela Valley wag.com, que reúne fofocas sobre o Vale do Silício. A idéia de Marissa Mayer, que faz parte da equipe do Google, é usar o mecanismo do Digg, que reúne links votados pelos usuários, para tornar o Google News lucrativo. Apesar de popular, a ferramenta não rende dinheiro para a empresa.

SOLIDÁRIO
O Google Earth Solidário (earth.google.com/outreach) tem guias, tutoriais em vídeo e estudos de caso sobre o uso do Earth e do Maps para atender a necessidades de organizações sem fins lucrativos.

CARA NOVA
O MySpace.com terá novo novo design a partir de hoje, com mudanças em home, perfil, buscas e MySpace TV.

DISPUTA
Pela primeira vez, a internet recebeu mais verba publicitária que a TV por assinatura no país. O investimento na rede cresceu 36%, chegando a R$ 134,3 milhões, segundos dados do projeto Inter-Meios.

DUPLA FUNÇÃO
Paul Bradshaw, do Instituto Poynter, pesquisa sobre jornalistas-blogueiros. Responda em tinyurl.com/5n46lp.

MÚSICA
A Warner Music e o Last.fm estão em meio a uma briga para tentar renovar um acordo comercial que permite a usuários da rede de música ouvir faixas de artistas da gravadora. Segundo o "Guardian", a Warner retirou seu catálogo do site sem dar explicação. O jornal diz, ainda, que a gravadora está frustrada com o acordo, que oferece baixo rendimento publicitário, se comparado a outras negociações com sites.


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