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As cabeças do império
Conheça os principais intelectuais da Nova Esquerda e da Nova Direita
RAIO-X DA NOVA ESQUERDA
Apelido: "tunpai"
Cidades: Nanjie, Chongqing, Pingchang
Geografia: interior do país
Governos: Hu Jintao (atual)
Temas: combate à poluição ambiental e à
desigualdade social, experimentos democráticos
limitados ("ditadura deliberativa")
RAIO-X DA NOVA DIREITA
Apelido: "neocon"
Cidades: Xangai, Shenzen
Geografia: costa leste
Governos: Deng Xiaoping e Jiang Zemin
Temas: privatização, redução
da interferência do Estado,
maior militarização do país
Cui Zhiyuan
Professor de política e
administração pública na
Universidade Tsinghua, em
Pequim. Importante membro
da Nova Esquerda, ficou
conhecido nos círculos
intelectuais por seu trabalho
sobre as alternativas ao
capitalismo neoliberal.
Suas obras mais famosas
foram um livro sobre a aldeia
de Nanjie e um artigo
pedindo uma "Segunda
Libertação do Pensamento".
Estudou na Universidade
Hunan, depois iniciou
mestrado na Academia
Chinesa de Ciências Sociais,
antes de ir para a
Universidade de Chicago em
1987. Voltou ao país em
2004.
"Os debates intelectuais nos
anos 1990 migraram para
onde os acadêmicos estavam
-e onde podiam ser
publicados, principalmente
Hong Kong. Você podia ser
mais influente fora da China,
pois aqui não se podia falar
muito. Mas hoje o país é
muito mais livre, e a internet
faz uma enorme diferença.
Desde que não escreva que o
Partido Comunista deve ser
derrubado, você pode
escrever o que quiser."
Fang Ning
Importante pensador de
teoria política, sua obra mais
famosa é o tratado
ultranacionalista que virou
best-seller (escrito com
Wang Xiaodong): "O
Caminho da China à Sombra
da Globalização" (1999).
Seu artigo "Socialismo
Significa Harmonia" (1997)
foi um dos primeiros a
relacionar socialismo e
harmonia e, segundo ele, foi
uma das inspirações para os
hoje populares slogans
políticos "Sociedade
Harmoniosa" e "Mundo
Harmonioso".
Vice-diretor do Instituto de
Política da Academia
Chinesa de Ciências Sociais,
é um autor prolífico sobre
democracia e teoria política
no país. Trabalhou
estreitamente com o
governo do país em vários
projetos, incluindo
"Relatório sobre a
Democracia" (2005).
Gan Yang
Simpático à Nova Esquerda,
trabalha no Centro de
Estudos Asiáticos da
Universidade de Hong Kong.
Obteve o doutorado na
Universidade de Chicago
depois de viajar para os EUA
em seguida ao massacre da
praça Tiananmen.
Suas principais obras
incluem "Estamos Criando
Tradição" (1989) e
"Reflexões sobre
Liberalismos" (1997).
Incomodou muita gente da
Nova Direita quando usou
provocadoramente a frase
"destruição criadora" para
descrever a Revolução
Cultural.
Hu Angang
"Enfant terrible" da economia
em seu país. O "Relatório
sobre a Capacidade do
Estado na China", que co-escreveu com Wang
Shaoguang quando realizava
pós-doutorado na
Universidade Yale (EUA), foi
amplamente considerado
uma das obras mais
influentes sobre a economia
política da China nas últimas
duas décadas -e convenceu
o governo a reforçar o papel
do Estado.
É autor de mais de 40
publicações, além de ser
consultor dos governos
central e provinciais. Hoje é
professor e diretor do Centro
de Estudos da China na
Escola de Política Pública e
Administração na
Universidade Tsinghua, mas
já lecionou em várias
universidades ocidentais.
Como mais influente
economista da Nova
Esquerda, foi pioneiro na
pesquisa das
"circunstâncias nacionais"
da China, interesse que
desenvolveu inicialmente na
Academia Chinesa de
Ciências, em 1985.
Pan Wei
Professor na Escola de
Estudos Internacionais e
diretor do Centro para a
China e Negócios Globais,
ambos da Universidade de
Pequim, é um dos astros
ascendentes no mundo
acadêmico. Seu trabalho
sobre o "Papel Consultivo da
Lei", que pede que a China
siga Cingapura como modelo
de sistema político, ao invés
das democracias ocidentais,
foi muito influente.
Obteve o doutorado pela
Universidade da Califórnia,
em Berkeley, em 1996.
É um dos pensadores mais
originais da China sobre
reforma política e
desenvolvimento econômico
e político na zona rural. Tem
orientação conservadora,
defendendo um modelo
especificamente chinês de
desenvolvimento econômico
e político.
Qin Yaqing
Professor e vice-presidente
executivo da Universidade
de Relações Exteriores da
China, tem reputação de
pacifista. Obteve o
doutorado pela Universidade
de Missouri em 1994.
Combina um papel
importante em um órgão
patrocinado pelo governo -a
Universidade de Relações
Exteriores foi criada pelo
veterano ministro das
Relações Exteriores Chou
En-lai para ter a mesma
função em política externa
que a Escola Central do
Partido em política interna-
com paixão por teoria das
relações internacionais.
Defensor de uma "escola
chinesa de relações
internacionais", também se
envolveu com a elaboração
de políticas externas do
governo, assessorando-o em
questões como a integração
regional do Extremo Oriente.
Shi Yinhong
Professor de relações
internacionais na
Universidade Popular da
China, em Pequim, causou
polêmica com sua proposta
de distensão com o Japão.
Foi professor convidado em
muitas universidades norte-americanas, como Harvard,
Carolina do Norte e Denver.
Especialista em grande
estratégia, é uma espécie de
"internacionalista liberal"
que assume uma posição
moderada sobre as relações
com os EUA e o Japão.
Wang Hui
Professor pesquisador na
Universidade Tsinghua, foi
co-editor do principal
periódico intelectual do país,
o "Dushu", de 1996 a 2007, e
um dos principais membros
da Nova Esquerda.
Nascido em 1959 no seio de
uma família de intelectuais,
trabalhou por 20 meses
como operário têxtil após a
Revolução Cultural. Formou-se na Universidade Xingdu,
antes de fazer o doutorado
na Academia Chinesa de
Ciências Sociais, em 1985.
Wang Hui participou dos
protestos na praça
Tiananmen em junho de
1989. Foi para Harvard em
1992 e depois passou algum
tempo na Universidade da
Califórnia, em Los Angeles.
"Quando estava no colégio,
íamos ao campo toda
primavera e todo outono
para trabalhar com os
agricultores, por isso
conheço todos os tipos de
produção agrícola."
Wang Xiaodong
É o mais famoso
"ultranacionalista" e
intelectual da China; está
freqüentemente na linha de
frente de polêmicas -seja
em debates sobre relações
China-EUA, sobre relações
China-Japão ou ainda sobre
discussões ambientais.
"O Caminho da China à
Sombra da Globalização"
(co-autoria com Fang Ning) é
o manifesto para uma nova
onda de nacionalismo na era
da globalização.
Embora não esteja na
corrente dominante da
comunidade de política
externa da China, é
amplamente respeitado e
criou laços com vários
"príncipes herdeiros" -os
filhos de graduadas
autoridades.
Yang Yao
É um dos poucos
economistas que estudaram
as implicações das eleições e
da democracia popular sobre
o bem-estar social. É
professor e vice-diretor do
Centro de Pesquisas
Econômicas da China na
Universidade de Pequim.
Em 1996, tornou-se PhD pela
Universidade de Wisconsin,
em Madison (EUA). Yang
Yao se distancia do
fundamentalismo de
mercado da maioria de seus
colegas economistas que
formam a Nova Direita e das
"tendências populistas" da
Nova Esquerda.
"Os economistas na China
são muito mais de direita
que na Europa ou nos EUA",
diz. "Sou de esquerda porque
fiz o doutorado em
Wisconsin, que é um dos
Estados mais socialistas dos
EUA. Não sabia na época que
Wisconsin teria tanta
influência sobre mim."
Yang Yi
Entrou para a Marinha em
1968 e foi adido naval na
Embaixada da China em
Washington entre 1995 e
2000. Hoje é diretor do
Instituto de Estudos
Estratégicos da Universidade
de Defesa Nacional do
Exército de Libertação
Popular, chefiando pesquisas
sobre estratégia
internacional da China e
estratégia de segurança
nacional.
É um oficial e um acadêmico
respeitado e uma das
principais autoridades sobre
política de segurança.
Nos últimos anos, publicou
vários artigos influentes
sobre segurança nacional no
"Global Times" que
chamaram a atenção dentro e
fora do país.
Yu Keping
É vice-diretor do
Departamento Central de
Compilação e Tradução, que
esteve na vanguarda das
medidas para analisar e
disseminar experimentos
em democracia de base,
eleições e consultas
públicas.
Considerado um assessor
informal do presidente Hu
Jintao, causou polêmica com
artigos extraídos de seu livro
de 2006 "A Democracia É
uma Coisa Boa".
Em 1988, obteve o doutorado
em ciência política pela
Universidade de Pequim e é
uma estrela ascendente em
teoria política comunista
chinesa.
Além de seus muitos cargos
acadêmicos, também é o
principal especialista em
uma nova força-tarefa
sancionada pelo governo
para pesquisa do marxismo,
um ramo de pesquisa
renovado que atrai cada vez
mais os melhores teóricos
políticos da China.
Embora tenha ocupado
cargos no governo, é
geralmente bem-visto pela
comunidade acadêmica por
sua pesquisa erudita. Ao
lado de Fang Ning e alguns
outros, é o mais reputado
teórico sobre o estilo chinês
de democracia.
Zheng Bijian
Com carreiras acadêmica e
política destacadas, é um
dos mais influentes e
polêmicos pensadores do
país em política externa e
reforma política. Lecionou
na Universidade Popular da
China e galgou escalões até
se tornar o vice-ministro
executivo do Departamento
de Propaganda e vice-presidente da Escola do
Partido, do Comitê Central
do PC.
É considerado um assessor
íntimo de Hu Jintao. Nas
décadas de 1970 e 80, surgiu
como defensor de reformas,
redigindo importantes
discursos e documentos do
partido.
Foi autor dos principais
discursos de Deng Xiaoping
em sua famosa "viagem pelo
sul" em 1992, que reorientou
novamente o país para as
reformas econômicas após
Tiananmen.
Em 2004, lançou a idéia de
"ascensão pacífica". Embora
ela tenha sido considerada
fracassada como
empreendimento intelectual
e como projeto político,
muitas de suas linhas
mestras continuam tendo
ressonância na atual
comunidade de política
externa do país.
Atualmente, é presidente do
Fórum de Reformas da
China, uma instituição de
pesquisa semi-oficial que
assessora o governo. Há
pouco se envolveu em um
projeto sobre o
rejuvenescimento cultural
do país.
Zhang Weiying
Um dos mais famosos
economistas da China e
importante membro da Nova
Direita, é também primeiro
reitor associado da Escola de
Administração Guanghua da
Universidade de Pequim e
diretor do Instituto de
Pesquisa Econômica da
Universidade de Pequim.
Eleito o "homem do ano da
economia chinesa" pela
Televisão Central Chinesa
(CCTV) em 2002, serve em
vários comitês do governo e
de empresas.
Obteve o PhD pela
Universidade de Oxford sob a
supervisão do Nobel de
Economia de 1996, James
Mirrlees.
Antes de ir para lá, em 1990,
pesquisou sobre teoria e
política da reforma econômica
no hoje extinto Comitê para
Reforma Institucional do
Estado.
É nome importante sobre
teoria das empresas, além de
ser influente nas
comunidades acadêmica,
governamental e empresarial.
Também é considerado o
principal nome da escola
neoliberal, graças a suas
prescrições políticas para o
desenvolvimento do país.
Pela mesma razão, também é
hoje um dos economistas
mais criticados.
Fonte: "What Does China Think?".
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