São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002 |
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Feitiço e adivinhações
Até o momento, o estudo da adivinhação não chamou a atenção dos africanistas brasileiros. Nina Rodrigues consagra-lhe apenas algumas linhas: "Nunca
tive ocasião de ver aqui na Bahia o processo de adivinhação de babalaôs, como o descreve Ellis, com uma
tábua ou tabuleiro especial e cocos de dendê. Dizem-me, todavia, que existe. Sei que empregam processos
mais simples, como búzios, certas sementes etc.
Aqueles que aqui atribuem a Imá é o de uma cadeia
de metal em que, de espaço a espaço, enfia-se uma
meia noz de manga seca. O feitiço pega a cadeia em
certo ponto e a joga de um modo especial. Da posição que tomam as nozes deduzem o augúrio ou vaticínio". Já Manuel Querino é um pouco mais explícito: cita os dois nomes conhecidos do adivinho -babalaô e olhador, enumera os diversos processos de
consulta do futuro conhecidos na época- oubi, ourobô, pimenta-da-costa, e o colar de Ifáou opelê-ifá,
espécie de rosário, segundo sua expressão, onde os
padre-nossos são substituídos por pedaços de caroços de manga recortados em pequenos anéis, moedas de prata, conchas (acrescentando, o que é exato,
que as mulheres só podem consultar as últimas). "Contribuição ao Estudo da Adivinhação em Salvador (Bahia)", texto de Bastide e Verger. Os dois trechos acima foram extraídos de "Verger-Bastide - Dimensões de uma Amizade". Texto Anterior: São Paulo, África Próximo Texto: + livros: A obra em processo e os limites da tradição Índice |
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