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ADORNO PARA MANN
A morte de Schoenberg
25.08.1951
Caro e prezado sr. dr. Mann,
Fiquei muito comovido com a morte de
Schoenberg, não apenas por não poder refazer uma relação infeliz, mas ainda porque
ele não pôde levar a bom porto, e não apenas por motivos empíricos, suas duas grandes criações bíblicas. Há poucas semanas
assisti, em Darmstadt, à estréia do "Cordeiro de Ouro", com regência de Scherchen,
como se vivesse uma cena de seu "Dr. Fausto". A obra, composta há 20 anos, causou-me grande impressão, pela força e espontaneidade, por seu efeito quase imediato a
despeito de toda a complexidade -e do
conservadorismo.
É claro que digo isso em sentido sublimado. Aqui só se pode falar em conservadorismo no sentido em que Schoenberg o defende em seu último livro: a música deve conduzir suas tensões internas a um equilíbrio,
por obra da totalidade -o que é, no fundo,
um ideal harmônico. Não é difícil imaginar
o dia em que Schoenberg será "música clássica", assim como os jovens físicos quânticos podem chamar de clássica a teoria de
Einstein. Mas esse caráter clássico, por mais
que se apresente como limite aos potenciais
explosivos, não exclui a realização máxima.
É uma pena que não tenhamos ouvido juntos essa peça.
Teddie Adorno
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