São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002 |
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+trecho Método como miragem
Colocamos casas para serem preenchidas = uma
tópica (grade de lugares). Que cada um as
preencha; jogo coletivo: puzzle. Eu sou o fabricante (o artesão) que corta a madeira. Vocês são
os jogadores. Princípio da não-exaustividade. Irei mais
longe (talvez para me inocentar). O curso ideal seria talvez aquele em que o professor -o locutor- fosse mais
banal do que seus ouvintes, no qual aquilo que ele diz
fosse menos do que aquilo que ele suscita. Se o curso é
uma sinfonia de propostas, a proposta deve ser incompleta, caso contrário é uma posição, uma ocupação fálica do espaço ideal. O sonho: uma espécie de banalidade
não-opressiva, arejada. Ou uma vaga alegoria: o Viver-Junto. Toques sucessivos: uma gota disso, um brilho
daquilo. Enquanto a coisa está se fazendo, não se compreende aonde ela vai: cf. em pintura: o tachismo, o divisionismo (Seurat), o pontilhismo. Justapõem-se as
cores sobre a tela em vez de misturá-las na paleta. Eu
justaponho as figuras na sala de aula, em vez de misturá-las em casa, à minha mesa. A diferença é que aqui
não há um quadro final: na melhor das hipóteses, caberia a vocês fazê-lo. Roland Barthes, "Como Viver Junto". Trechos traduzidos por Leyla Perrone-Moisés. Texto Anterior: +trecho: Linguagem e ideologia Próximo Texto: O JARDIM DAS SENSAÇÕES Índice |
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