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Dicionário faz amplo levantamento dos instrumentos de percussão, como "tambor", "buzina de automóvel" e "atabaque", e seu uso por compositores como Villa -Lobos
A batida rítmica primordial
Sidney Molina
especial para a Folha
Em inglês, "beat" ou "stroke"; em
francês, "coup" ou "battement";
"Schlag", em alemão, "colpo" ou
"percussione", em italiano; "golpe", em espanhol. Em russo, os instrumentos de percussão são denominados
"udárnye instruménty"; em banto, "xincarigomes"; na Índia, "bitut".
Resultado de seis anos de pesquisa e
mais de 20 anos de experiência musical,
o "Dicionário de Percussão", de Mário
D. Frungillo -percussionista e professor do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista-, busca, antes de
tudo, padronizar a terminologia numa
área em que reinam "centenas de instrumentos, milhares de composições e manifestações populares, inúmeras técnicas
expressivas e de execução".
Se no século 18 a maioria dos instrumentos de cordas já havia atingido seu
apogeu e se no século 19 os sopros ganharam seu formato atual, foi apenas
nos últimos cem anos que o naipe de
percussão se desenvolveu plenamente. A
percussão é o grande signo -ou "sino"- da música do século 20: além de
enriquecê-la com ritmos e instrumentos
latino-americanos, africanos e orientais,
ela estimulou a incorporação da emancipação do ruído e da independência do
timbre nas poéticas contemporâneas.
Os verbetes sobre os instrumentos
ocupam a maior parte do livro e trazem
definições claras -incluindo dimensões
e descrição de materiais- ao lado de
uma precisa classificação baseada nos estudos organológicos clássicos de Sachs e
Schaeffner: afinal, o termo percussão
não designa apenas os instrumentos
"batidos", mas, por extensão, também os
"entrechocados, sacudidos, friccionados, raspados e pinçados".
Um índice de compositores facilita a
consulta a cerca de 150 exemplos de utilização dos instrumentos em peças do repertório erudito ocidental; assim, localizamos a "buzina de automóvel" em
Gershwin e o "caracaxá" -reco-reco
dos índios do Pará- no "Choro nš 8" de
Villa-Lobos. O "Dicionário" também
traz cinco cadernos de ilustrações com
imagens de instrumentos de diversas
épocas e culturas.
A obra não se pretende enciclopédica
e, portanto, não se propõe a dissertar demoradamente sobre gêneros, ritmos e
escrita musical nem a abordar autores,
intérpretes e gravações; mas, apesar disso, em muitos momentos acrescenta importantes informações de caráter histórico e cultural, sobretudo em verbetes centrais, como "atabaque", "prato", "sino",
"tambor". Em uma área tão carente de
publicações, o livro de Mário D. Frungillo já nasce como obra de referência. Ainda mais: como alternativa a uma certa
trivialização do "beat", nada melhor do
que oferecer um "dicionário" de alternativas e possibilidades.
Sidney Molina é instrumentista do quarteto de
violões Quaternaglia e professor de violão e estética musical na UniFiam/Faam (SP) e Fundação Carlos Gomes, em Belém (PA). É autor de "Mahler
em Schoenberg" (ed. Rondó).
Dicionário de Percussão
430 págs., R$ 68,00
de Mário D. Frungillo. Imprensa Oficial do Estado
de SP/Ed. Unesp (praça da Sé, 108, CEP 01001-900, SP, tel. 0/xx/11/ 3242-7171).
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