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Operários paralisam obra em Belo Monte
Funcionários recusaram em assembleia reajuste salarial de 11% e promoveram quebra-quebra em três canteiros
Sindicato irá se reunir com consórcio para tentar obter nova proposta e submetê-la aos trabalhadores
Roberta Tojal/Divulgação | ||
Manifestantes fazem barricada em estrada, em novo protesto de funcionários da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará |
Após um final de semana de quebra-quebra e vandalismo, operários da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA) iniciaram uma paralisação ontem para pressionar a empresa a melhorar sua proposta de acordo coletivo.
Segundo o CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte), sete pessoas se feriram na confusão. A Polícia Civil prendeu ontem cinco funcionários sob acusação de participação nas depredações.
A revolta começou no sábado, após eles recusarem, em assembleia, as propostas do consórcio.
Na noite de domingo, segundo o CCBM, grupos de 20 pessoas depredaram, em "ação orquestrada", instalações de três canteiros de obras. Em um dos canteiros, o grupo incendiou um ônibus, lanchonete, alojamentos e colchões.
Trabalhadores tomaram máquinas da obra e fecharam a estrada que dá acesso aos canteiros. Com isso, o próprio CCBM resolveu conceder folga, para evitar mais incidentes.
O CCBM diz que computadores, mesas, cadeiras e arquivos foram destruídos. Segundo a polícia, houve até furto de câmeras digitais.
São cerca de 15 mil trabalhadores parados, em uma obra com custo de R$ 25 bilhões, uma das maiores em andamento no país.
A paralisação, porém, não tem o apoio do Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada), que é o representante da categoria. O Sintrapav ainda está negociando com o CCBM, mas afirma que deve deflagrar greve geral caso não haja acordo.
O Sintrapav é filiado à Força Sindical. Outra central sindical, a Conlutas, ligada ao PSTU, atua na mobilização de operários na paralisação.
FOLGAS
A principal insatisfação dos funcionários é em relação às folgas prolongadas para visitar suas famílias.
Eles querem que o intervalo entre as baixadas seja reduzido para três meses. O consórcio fez uma proposta de que a primeira baixada fosse em cinco meses, a segunda, em quatro meses, e a terceira, em três. Os operários recusaram. Eles também reivindicam reajuste maior do que os 11% oferecidos.
O sindicato irá se reunir novamente com o consórcio para tentar obter nova proposta e submetê-la aos trabalhadores. Caso seja recusada, pode iniciar uma nova greve.
Belo Monte tem conclusão prevista para 2019 e deverá ser a terceira maior hidrelétrica do mundo.
Os incidentes ocorrem menos de um mês após a última paralisação da obra, quando índios, pescadores, ribeirinhos e ambientalistas invadiram um canteiro e interromperam as atividades no local por uma semana.
A paralisação prejudica a conclusão da barragem provisória para fechar o rio Xingu, que é necessária para desviá-lo até a casa de força principal.