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Análise
Obama tem dificuldade para influenciar a agenda política
No 2º mandato, presidente enfrenta novos limites para advogar propostas
A capacidade do presidente Obama para usar seu posto e o poder de sua oratória a fim de advogar em favor de projetos de lei que ele prioriza tem limites, como prova a recente rejeição do Senado dos EUA a propostas para um maior controle de armas.
Isso dificultará para Obama convencer um Congresso fortemente polarizado a aprovar suas demais prioridades legislativas, como a elevação do limite da dívida federal e a proposta orçamentária da Casa Branca.
Em discurso ao Congresso em janeiro, Obama declarou que "as famílias de Newtown [local de um massacres nos Estados Unidos no ano passado] merecem um voto".
E ele convidou os pais de muitas das 20 crianças mortas em Newtown a visitar Washington e pressionar senadores a votar em favor das propostas de controle de armas.
Mas o Senado não se deixou comover pelos pais, pelo presidente ou mesmo pela opinião pública.
Mais de 85% dos entrevistados em pesquisas apoiam a proposta, que teria reforçado a verificação de antecedentes dos compradores de armas.
Quase todos os senadores republicanos votaram contra as propostas porque seu partido acredita em acesso quase ilimitado a armas.
Assim, quando ameaçaram utilizar o "filibuster" --uma regra legislativa sob a qual um senador pode bloquear uma votação por meio de discursos intermináveis--, os líderes do Senado concordaram em que a aprovação requereria maioria de 60 votos, em lugar da maioria simples (51 votos).
Até mesmo a mais modesta das propostas de controle de armas foi derrotada por uma minoria vitoriosa de 46 votos contrários (ante 54 votos favoráveis).
E, se o Senado tivesse aprovado qualquer uma das propostas, elas seriam derrotadas na Câmara, onde os republicanos são maioria.
Assim, enquanto uma minoria vitoriosa no Senado e uma Câmara controlada pelos republicanos forem capazes de bloquear projetos de lei, a capacidade de governo de Obama fica limitada.
O Congresso este ano pode aprovar uma proposta --um caminho para a naturalização de 11 milhões de imigrantes ilegais-- que o presidente apoia. Por quê?
Os republicanos sabem que os hispânicos, 13% da população, votarão contra eles nas eleições legislativas de 2014 e na eleição presidencial de 2016 caso o partido não apoie a reforma da imigração.
Tradução de PAULO MIGLIACCI