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Corte egípcia condena três jornalistas da Al Jazeera
Sentença é tida como ataque contra a mídia
Uma corte egípcia condenou à prisão nesta segunda-feira (23) três jornalistas da rede de TV Al Jazeera, em uma decisão que enviou más notícias à imprensa local e internacional.
Peter Greste e Mohamed Fahmy foram condenados cada um a sete anos de cadeia por acusações que incluem auxiliar a Irmandade Muçulmana, considerada terrorista no país, e divulgar falsa informação. Baher Mohamed foi sentenciado a dez anos, por porte de munição.
O australiano Peter Greste é um ex-correspondente da rede britânica BBC. O egípcio-canadense Mohamed Fahmy trabalhou, anteriormente, com a rede norte-americana CNN. Baher Mohamed é um produtor egípcio.
Os três haviam sido presos em dezembro passado, quando cobriam os eventos políticos no país, em convulsão desde o início das manifestações que levaram à deposição do ex-ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
A subsequente deposição, em julho de 2013, do presidente islamita Mohammed Mursi, integrante da Irmandade Muçulmana, foi seguida por uma violenta repressão à organização no país.
A Al Jazeera, crítica ao governo instalado pelo golpe militar, também é perseguida desde então.
O cerco à imprensa é, no entanto, generalizado. O governo exige de repórteres que tenham uma autorização específica para o trabalho, e os papéis costumam tramitar por um longo período. O jornalista brasileiro Hugo Bachega, que escreve para o "Globo", foi detido ali, em agosto do ano passado.
REPERCUSSÃO
Diplomatas, jornalistas e observadores internacionais que acompanharam o processo legal afirmaram não haver base para a condenação da equipe da Al Jazeera.
A rede de TV, com sede no Qatar, nega as acusações. Outros jornalistas da organização, julgados "in absentia", foram condenados.
De acordo com Al Anstey, diretor da Al Jazeera em inglês, os veredictos "desafiam a lógica".
Os EUA também criticaram a condenação. Em nota, a Casa Branca afirmou que ela "desrespeita os padrões mais básicos de liberdade de imprensa e representa um duro golpe para o progresso democrático no Egito".