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Justiça do Reino Unido condena ex-editor de tabloide por grampos
Sob a chefia de Andy Coulson, "News of the World" espionou a família real e celebridades
Rebekah Brooks, que antecedeu Coulson na direção do jornal do magnata Rupert Murdoch, é absolvida
A Justiça britânica absolveu Rebekah Brooks, ex-editora-chefe do extinto tabloide "News of the World", e condenou seu sucessor, Andy Coulson, no processo sobre escutas ilegais do jornal do magnata Rupert Murdoch.
O veredicto, divulgado após quase oito meses de julgamento, é um dos mais relevantes capítulos do escândalo no Reino Unido que envolve imprensa, políticos, celebridades e a família real.
O tabloide, fechado em 2011 após 168 anos de história, é acusado de ter usado métodos ilegais, como grampos telefônicos e subornos a servidores públicos, para buscar informação, sobretudo envolvendo famosos.
A condenação de Coulson, que editou o jornal de 2003 a 2007, é um constrangimento para o primeiro-ministro David Cameron.
Em 2010, o jornalista foi contratado como assessor de imprensa do premiê depois de ter trabalhado para ele no Partido Conservador.
Coulson deixou o cargo no ano seguinte, após a revelação de suposto envolvimento nas escutas ilegais na época em que estava no tabloide.
Condenado, ele aguarda a sentença, que poderá chegar a dois anos de prisão, e ainda espera o veredicto sobre a acusação de ter subornado servidores públicos.
Nesta terça (24), após o anúncio da condenação, Cameron pediu publicamente desculpas por tê-lo contratado como assessor.
Seu adversário, o líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband, não perdeu a chance de criticá-lo: "Penso que David Cameron tem sérias questões para responder, porque sabemos que ele trouxe um criminoso para dentro do coração de Downing St. [onde o premiê mora e trabalha]".
Rebekah Brooks, além de editora do tabloide entre 2000 e 2003, foi diretora-executiva do conglomerado que controlava os jornais britânicos do império de Murdoch. Segundo o "Guardian", o magnata deve ser ouvido em breve pelas autoridades britânicas sobre o escândalo.
Com a extinção do "News of the World", o seu grupo reúne hoje no Reino Unido os jornais "The Times", "The Sun" e "The Sunday Times".
A Justiça inocentou o marido de Rebekah, Charlie Brooks, e sua assistente, Cheryl Carter, da acusação de obstruir as investigações. O ex-editor Stuart Kuttner e o chefe de segurança do tabloide, Mark Hanna, também escaparam da condenação.
Clive Goodman, ex-editor sobre notícias da família real, ainda aguarda veredicto. Durante o julgamento, ele revelou, por exemplo, que grampeou a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, em 2005, quando ela namorava o seu hoje marido, o príncipe William --este, alvo de 35 interceptações clandestinas.
O escândalo levou o governo, com apoio da oposição, a criar um órgão regulador de imprensa, que vem enfrentando resistência de parte dos jornais britânicos.