Reaproximação histórica
Raúl diz que acordo com EUA não muda sistema comunista
Ditador comemorou reaproximação, mas pediu que vizinhos ajudem a pressionar pelo fim de embargo
Líder cubano, que lembrou do irmão Fidel Castro, declarou ainda apoio a venezuelano Nicolás Maduro
Em discurso neste sábado (20) na Assembleia Nacional de Cuba, o ditador Raúl Castro afirmou que a reaproximação com os EUA não mudará o sistema político do país caribenho.
"Não se deve pretender que, para melhorar as relações com os Estados Unidos, Cuba renuncie às ideia pelas quais lutou por mais de um século, pela qual seu povo derramou muito e sofreu os maiores riscos", disse Raúl.
Segundo o líder cubano, "é necessário entender que Cuba é um Estado soberano, cujo povo, em livre referendo para aprovar a Constituição, decidiu um rumo socialista".
O ditador foi fortemente aplaudido pelos membros do Parlamento, que é controlado pelo governo. Entre o público estavam os cinco espiões que estiveram presos nos EUA. A libertação de três deles fez parte das negociações entre os dois países.
Raúl celebrou o restabelecimento das relações com os EUA, mas afirmou que o embargo econômico imposto pelo Congresso americano continua sendo o principal obstáculo para a aproximação entre os dois países e exortou os países latino-americanos a continuarem ajudando Cuba a derrubá-lo.
Ele confirmou a participação de Cuba na Cúpula das Américas, no Panamá, no ano que vem. O país não participava há décadas do encontro e os países da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), liderados pela Venezuela, haviam ameaçado, antes do anúncio da aproximação, boicotar o encontro caso os EUA continuassem se opondo à participação de Cuba.
Em gesto ao aliado Nicolás Maduro, Raúl Castro criticou sanções impostas na quinta (18) por Washington a autoridades venezuelanas envolvidas em violência contra a oposição durante protestos.
O ditador cubano criticou as tentativas dos EUA de "desestabilizar o governo legítimo de Nicolás Maduro".
No final, de improviso, Raúl disse que o regime cubano completa 57 anos "e, com esse povo podemos chegar ao ano 570 da revolução". O líder comunista concluiu: "Viva Fidel. Pátria ou morte. Venceremos!".