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QUEM É
Do heroísmo ao isolamento, Fidel vai se esvaecendo
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cabem três imagens de Fidel
Castro Ruz em uma biografia.
A primeira delas é quase unânime: jovem advogado em Havana, envolveu-se em política e
liderou, entre 1956 e 1959, o
único movimento vitorioso de
guerrilha na América Latina.
Depôs com 800 combatentes a
ditadura de Fulgêncio Baptista,
então apoiada pelos EUA e por
um Exército de 30 mil homens.
Fidel é um dos sete filhos do
fazendeiro de médio porte Angel Castro. Nasceu em Mayarí a
13 de agosto de 1926 -ou 1927,
há dúvidas quanto ao ano.
Ao tomar o poder, emergiu
sua segunda imagem, com o
fuzilamento de cubanos comprometidos com o regime anterior e uma reforma agrária
que desapropriou investimentos americanos. Convertido ao
socialismo, estatizou a economia e reprimiu a oposição por
meio do monolitismo de um
partido único. Caiu na esfera
da União Soviética.
A partir de 1961, consumada
a ruptura com os EUA, Cuba se
tornou peça-chave da Guerra
Fria. Fidel financiou movimentos de guerrilha no continente e
foi visto como herói por uma
parcela importante da esquerda na Europa e América Latina.
A terceira imagem surgiu no
final dos anos 80. Fidel se tornou um governante isolado
com o colapso dos regimes comunistas na Europa Oriental.
Seus partidários estrangeiros
abriram mão das fórmulas leninistas pela justiça social e os
direitos humanos.
O modelo cubano de Estado
conseguira avanços invejáveis
nas áreas da educação e da saúde. Mas com a crise Fidel foi
obrigado a fazer concessões a
investidores estrangeiros e a
aceitar o retorno parcial da
propriedade privada.
Em termos políticos, continua a ser corroído pela própria
lógica liberticida que ajudou a
criar. Sem seus antigos admiradores externos, reprimindo cada vez mais uma oposição que
aposta na não-sobrevivência
da ditadura após a morte do velho ditador, o regime cubano,
com o qual Fidel se confunde,
torna-se mais violento como
prova de fraqueza.
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