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EUROPA
Criticado antes da implementação, em fevereiro, sistema reduz tráfego em 20% e ganha apoio de quem trabalha na região
Londrinos aprovam pedágio no centro
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
Duramente criticado por políticos, especialistas, motoristas e mídia antes de entrar em vigor, o pedágio urbano em Londres conseguiu reduzir em cerca de 20% o
volume de tráfego diário no centro, em média.
Pesquisas indicam que 75% dos
executivos que trabalham no centro da cidade aprovaram o esquema, que começou no dia 17 de fevereiro, embora os pequenos comerciantes instalados na área reclamem do aumento de seus custos.
Mas até o primeiro-ministro
Tony Blair, tido como desafeto do
prefeito de Londres, Ken Livingstone, reconhece que o sistema está funcionando. "Acho que era
uma experiência sobre a qual
muita gente tinha dúvidas. Francamente, inclusive eu, mas acho
que ele [Livingstone] merece crédito por ter implantado", disse o
premiê ao jornal "Financial Times".
As diferenças de Blair com o
prefeito não são novas e o elogio
não deve ter sido fácil. O primeiro-ministro não queria Livingstone como candidato trabalhista
para a prefeitura. Livingstone acabou expulso do partido e se elegeu
como candidato independente
em 2000.
Fiscalização rígida
Desde que o pedágio começou,
para entrar em uma área de 20
quilômetros quadrados no centro
da cidade, entre 7h e 18h30, de segunda a sexta-feira, os veículos
têm de pagar 5 libras (cerca de R$
25) por dia. O pagamento é antecipado, e pode ser feito pelo telefone, pela internet, no correio ou
em lojas autorizadas.
Mas quem esquecer pode pagar
sem multas ainda no mesmo dia
em que entrou na área do pedágio. A multa para quem não pagar
é de 80 libras (R$ 394). Estão isentos ônibus, táxis, motos, bicicletas, ambulâncias, carros de polícia
e veículos para deficientes físicos.
O controle é feito por 900 câmeras espalhadas por 230 pontos e
que tiram uma foto da placa do
veículo. A foto é enviada a um
centro de processamento de dados, onde o número é conferido
com o pagamento.
Unidades móveis de fiscalização
circulam pelo centro no horário
do pedágio, também conferindo
as placas e os pagamentos. Em
média, 98 mil pessoas têm pagado
o pedágio diariamente, e outras
3.000, a multa.
A Prefeitura de Londres estima
que venha a arrecadar 100 milhões de libras (cerca de R$ 493
milhões) por ano.
Parte do dinheiro vai ser destinada ao pagamento da implantação do projeto, que custou quase
200 milhões de libras (perto de R$
1 bilhão). O restante vai ser investido em melhoramento do transporte público na cidade. Essa foi a
única maneira que o prefeito encontrou para conseguir a aprovação legal de sua proposta.
Até agora, segundo a prefeitura,
mais de 20 mil veículos, por dia,
deixaram de circular pelo centro
da cidade. Em compensação, o
número de passageiros que usam
diariamente o transporte público
aumentou em 20 mil, de acordo
com a prefeitura.
Pelo menos 15 mil deles estão
viajando de ônibus e 5.000, de
metrô. A empresa de transportes
urbanos colocou 300 ônibus extras para atender à demanda, e o
metrô, que é um dos piores serviços de transporte da Europa, não
virou um caos, como muitos esperavam.
Graças à queda no volume de
tráfego, a velocidade dos ônibus
na área do pedágio cresceu de 10,4
km/h para 12 km/h, agilizando todo o serviço de transporte.
"Tudo indica que os resultados
são positivos e já existem muitas
cidades interessadas no projeto,
como Bristol e Edimburgo, aqui
no Reino Unido, além de Roma,
Milão e outras", contou à Folha o
engenheiro Sérgio Chiquetto, um
brasileiro que trabalha na consultoria Steer Davies Gleave, que
presta serviços à Prefeitura de
Londres.
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