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Africanos pressionam por divisão de poder no Zimbábue
Mas líderes rejeitam os apelos por não reconhecimento do governo de Mugabe
Ditador participa de cúpula da União Africana no Egito; EUA elaboram sanções para votação na ONU, incluindo embargo à venda de armas
DA REDAÇÃO
Líderes reunidos na cúpula
da União Africana (UA) no Egito renovaram ontem a pressão
a Robert Mugabe para negociar
um governo de coalizão com a
oposição no Zimbábue, mas rejeitaram apelos para declarar
ilegítimo o governo do ditador.
O segundo turno da eleição
que confirmou Mugabe no poder recebeu condenação quase
universal, especialmente após
a desistência do candidato opositor, Morgan Tsvangirai, devido à violência contra seus partidários.
Depois de uma campanha
violenta que deixou quase 90
simpatizantes do opositor
MDC (Movimento pela Mudança Democrática) mortos e
200 mil desalojados, testemunhas relataram que milícias
leais ao governo forçaram cidadãos a votar em Mugabe. A UA
e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
(SADC) condenaram a votação.
Mugabe foi à reunião da UA
no balneário egípcio de Sharm
el Sheik após prestar juramento no último domingo como
presidente do Zimbábue, iniciando seu sexto mandato -ele
está no poder há 28 anos.
Na cúpula, a maior parte dos
líderes africanos citou "desafios" no Zimbábue, mas não foram ouvidas críticas duras a
Mugabe. O rascunho da resolução que deve ser aprovada amanhã tampouco condena o segundo turno -só pede diálogo.
Participantes da conferência
ouvidos em condição de anonimato afirmam que países do
leste e oeste da África querem
tomar uma posição mais dura,
mas que o sul está dividido.
Em vez da rejeição, a África
do Sul, mediadora da crise e
que evita críticas ostensivas a
Mugabe, tenta promover uma
coalizão que daria a Tsvangirai
um papel executivo e diminuiria as atribuições de Mugabe.
A proposta não chega a ser
uma virada, mas demonstra endurecimento contra o governo
zimbabuano devido à maior limitação do poder do ditador.
Já no Quênia, o premiê Raila
Odinga pediu a suspensão do
Zimbábue do grupo: "A UA não
deveria aceitar ou entreter Mugabe", afirmou. Ele apoiou o
envio de forças de paz para garantir a segurança de uma nova
eleição, uma das demandas do
MDC (as outras são o destacamento de um enviado da UA ao
Zimbábue e o reconhecimento
do resultado do primeiro turno,
vencido por Tsvangirai).
O rol dos críticos a Mugabe,
no entanto, perdeu temporariamente uma de suas vozes
mais ativas: o presidente da
Zâmbia, Levy Mwanawasa, foi
internado ontem após sofrer
um derrame. Ele está estável.
Fora da África
Enquanto a cúpula da UA focava em outros temas, potências ocidentais planejavam isolar o Zimbábue.
Os EUA, que pretendem expandir as sanções econômicas e
de viagens que já impõem ao
governo de Mugabe, redigiram
ontem o rascunho de uma resolução a ser votada no Conselho
de Segurança da ONU para punições a Harare -incluindo um
embargo de armas.
Na Europa, o Reino Unido se
manifestou a favor das sanções,
enquanto a Itália chamou o
embaixador zimbabuano no
país para dar explicações.
Mas há sérias dúvidas de que
a ONU imporá sanções. A África do Sul se opõe, e acredita-se
que tenha o apoio de Rússia e
China -que têm poder de veto.
No Zimbábue, a violência
não deu trégua. O grupo Justice
for Agriculture, que reúne fazendeiros brancos contrários à
tomada de terras promovida na
reforma agrária, denunciou ontem o espancamento e seqüestro de três associados em uma
fazenda de Mashonaland, bastião do governista Zanu-PF.
Com agências internacionais
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