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SUCESSÃO NOS EUA/ ANTES DO VENDAVAL
Temor de furacão provoca êxodo nos EUA
Expectativa por desastre aviva lembranças do Katrina, que matou mais de 1.800 e devastou Nova Orleans em 2005
Após alerta, moradores deixam suas casas rumo a abrigos para evitar nova tragédia; ventos tocam solo da Louisiana nesta manhã
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL
Cerca de 90% dos quase 240
mil moradores de Nova Orleans (Louisiana) e quase dois
milhões de pessoas em toda a
região do golfo do México haviam fugido ontem para longe
da costa sudeste dos EUA, com
a previsão de que o furacão
Gustav atinja hoje a região com
ventos de cerca de 200 km/h.
A projeção era das autoridades locais, que exortaram os
moradores a deixar a região o
quanto antes. Havia estimativa
de que este furacão fosse "pior
que o Katrina", na frase do prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin, citando o desastre que fez
mais de 1.800 mortos em 2005.
A mídia americana passou o
dia transmitindo alertas do furacão, que deixou 95 mortos ao
varrer o Caribe -a maioria no
Haiti. Em Cuba, por onde passou ontem, levou 300 mil pessoas a deixarem suas casas e
prejudicou a rede elétrica.
"É uma tempestade grande e
perigosa. [A previsão de catástrofe] ainda é grande e eu incentivo fortemente a todos que
saiam", disse Nagin, que chamou o Gustav de "tempestade
do século". "Deveremos começar a ver sinais perigosos começando à noite [de ontem] e pela
manhã [de hoje]."
As principais rodovias na região estavam congestionadas,
apesar da operação para liberar
todas as faixas para a saída.
Até a tarde de ontem, ônibus
fornecidos pelo governo estadual haviam retirado da região
de risco mais de 15 mil pessoas
que não tinham condução própria. Eles levavam os refugiados para estações de ônibus e
trem, de onde a maioria seguiria especialmente para regiões
ao norte dos Estados de Texas,
Novo México e Missouri, que
armaram uma operação para
receber os deslocados.
Após suspender sua participação na Convenção Nacional
Republicana, em Saint Paul
(Minnesota), o presidente
George W. Bush se pronunciou
em Washington sobre o perigo
da tempestade e planejava viajar para a região.
"A mensagem para as pessoas da costa do golfo é: essa
tempestade é perigosa (...)
Existe uma possibilidade real
de alagamento e ondas altas.
Não se coloque em risco", declarou o presidente, cuja administração teve um dos piores
momentos na época do Katrina, quando sua atuação foi tida
como lenta e displicente.
Na época, 80% de Nova Orleans, importante pólo turístico, ficou alagada. Além dos
mortos, outras centenas de milhares de pessoas sofreram
com fome e doenças.
A Guarda Nacional planejava
enviar 2.000 homens para a
área de emergência, a fim de
ajudar a escoar a população, reparar os danos posteriores e
evitar que a cidade se torne um
território sem lei, como aconteceu em 2005. "Saqueadores
irão diretamente para a cadeia", disse o prefeito na TV.
Sem funcionários e clientes,
restaurantes e lojas das cidades
que deverão ser afetadas começaram a trancar as portas no sábado, o que limitava a obtenção
de suprimentos.
Perigo
A classificação da intensidade do fenômeno variava ontem
entre 3 e 4 -a escala vai até 5-,
o que supunha ventos acima de
200 km/h.
A projeção é de que o Gustav
estava se inclinando mais à esquerda, com potencial para
atingir algumas áreas do Texas.
Muito criticada em 2005, a
Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema)
se disse mais preparada desta
vez. Ainda assim, projetava
prejuízo de US$ 29,3 bilhões na
região e em 4,5 milhões o número de pessoas residentes nas
áreas possivelmente afetadas.
O governo temia também pela estrutura petrolífera. No golfo do México, o país produz 1,3
milhão de barris de petróleo
por dia, um quarto do total nacional. Ontem foi suspensa
96% desta produção.
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