São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2008

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Medvedev diz que "não há caminho de volta" para secessão

Afirmação do líder russo precede reunião da UE hoje, que decidirá a posição do bloco sobre a crise na Ossétia do Sul

Rússia, que assinará acordos militares e econômicos com regiões separatistas, ameaça adotar sanções caso a UE o faça; Cheney visitará Tbilisi

DA REDAÇÃO

Uma guerra de declarações por parte de Moscou e Tbilisi vem precedendo a reunião da União Européia que ocorre hoje em Bruxelas para definir a posição do bloco quanto à crise na Ossétia do Sul, iniciada no começo do mês passado.
Em entrevista a uma TV russa, o presidente Dmitri Medvedev deixou claro que "não haverá caminho de volta" na decisão de reconhecer as duas regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e Abkházia como Estados independentes. Nesta semana, Moscou irá firmar acordos de ajuda militar e econômica com ambas e anunciar a instalação de bases ali.
Medvedev, que diz não querer confronto com o Ocidente, prometeu revidar, se atacado. Disse não ser "partidário de sanções", mas ameaçou adotá-las caso a UE também o faça.
Já o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, disse esperar que "a Europa apóie nossa integridade territorial e diga jamais reconhecer essas ações ilegais", referindo-se à decisão da Rússia de reconhecer a autonomia das duas regiões.
O premiê do país caucasiano, Lado Gurgenidze, declarou que, "se ações contra a Geórgia não receberem reações poderosas e unificadas do mundo livre, então pode haver [por parte da Rússia] a tentação de cometer tais ações contra outros Estados soberanos vizinhos".
No encontro de hoje, os líderes da UE deverão optar no máximo por sanções diplomáticas contra Moscou, embora estudem aumentar a ajuda econômica e humanitária à Geórgia.
Sanções econômicas são uma possibilidade remota, já que a Europa Ocidental depende da Rússia para suprir boa parte de suas necessidades energéticas.
Contudo o chanceler francês, Bernard Kouchner, cujo país tem a presidência da UE neste semestre, admitiu haver divergências sobre a posição que o bloco deve adotar: "Somos 27 [membros], sempre é difícil".
Dezenas de milhares de georgianos devem sair hoje às ruas de Tbilisi e das principais cidades do país para condenar a "agressão russa" contra o país.

Influência separatista
O reconhecimento da Ossétia do Sul e Abkházia como Estados independentes por Moscou pode ter ampla repercussão para os movimentos separatistas da ex-União Soviética, sobretudo na Ucrânia, no Azerbaijão em Moldova, disse Richard Holbrooke, enviado dos EUA que mediou a paz na Bósnia em meados dos anos 1990.
Amanhã, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, visita a Geórgia para reforçar o apoio dos EUA à ex-república soviética -para Moscou, Washington incitou Tbilisi à confrontação.
O conflito eclodiu quando a Geórgia invadiu, dia 7, a Ossétia do Sul -na prática, desde 1992 sob tutela russa dentro de acordos internacionais. Em resposta, os russos retomaram o território e ocuparam outra região rebelde, a Abkházia. O cessar-fogo, negociado seis dias depois pela UE, permite que tropas russas ocupem na Geórgia apenas uma zona-tampão junto às divisas das duas regiões.


Com agências internacionais


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