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Medvedev diz que "não há caminho de volta" para secessão
Afirmação do líder russo precede reunião da UE hoje, que decidirá a posição do bloco sobre a crise na Ossétia do Sul
Rússia, que assinará acordos militares e econômicos com regiões separatistas, ameaça adotar sanções caso a UE o faça; Cheney visitará Tbilisi
DA REDAÇÃO
Uma guerra de declarações
por parte de Moscou e Tbilisi
vem precedendo a reunião da
União Européia que ocorre hoje em Bruxelas para definir a
posição do bloco quanto à crise
na Ossétia do Sul, iniciada no
começo do mês passado.
Em entrevista a uma TV russa, o presidente Dmitri Medvedev deixou claro que "não haverá caminho de volta" na decisão
de reconhecer as duas regiões
separatistas georgianas da Ossétia do Sul e Abkházia como
Estados independentes. Nesta
semana, Moscou irá firmar
acordos de ajuda militar e econômica com ambas e anunciar
a instalação de bases ali.
Medvedev, que diz não querer confronto com o Ocidente,
prometeu revidar, se atacado.
Disse não ser "partidário de
sanções", mas ameaçou adotá-las caso a UE também o faça.
Já o presidente da Geórgia,
Mikhail Saakashvili, disse esperar que "a Europa apóie nossa
integridade territorial e diga jamais reconhecer essas ações
ilegais", referindo-se à decisão
da Rússia de reconhecer a autonomia das duas regiões.
O premiê do país caucasiano,
Lado Gurgenidze, declarou
que, "se ações contra a Geórgia
não receberem reações poderosas e unificadas do mundo livre,
então pode haver [por parte da
Rússia] a tentação de cometer
tais ações contra outros Estados soberanos vizinhos".
No encontro de hoje, os líderes da UE deverão optar no máximo por sanções diplomáticas
contra Moscou, embora estudem aumentar a ajuda econômica e humanitária à Geórgia.
Sanções econômicas são uma
possibilidade remota, já que a
Europa Ocidental depende da
Rússia para suprir boa parte de
suas necessidades energéticas.
Contudo o chanceler francês,
Bernard Kouchner, cujo país
tem a presidência da UE neste
semestre, admitiu haver divergências sobre a posição que o
bloco deve adotar: "Somos 27
[membros], sempre é difícil".
Dezenas de milhares de georgianos devem sair hoje às ruas
de Tbilisi e das principais cidades do país para condenar a
"agressão russa" contra o país.
Influência separatista
O reconhecimento da Ossétia do Sul e Abkházia como Estados independentes por Moscou pode ter ampla repercussão para os movimentos separatistas da ex-União Soviética,
sobretudo na Ucrânia, no Azerbaijão em Moldova, disse Richard Holbrooke, enviado dos
EUA que mediou a paz na Bósnia em meados dos anos 1990.
Amanhã, o vice-presidente
dos EUA, Dick Cheney, visita a
Geórgia para reforçar o apoio
dos EUA à ex-república soviética -para Moscou, Washington
incitou Tbilisi à confrontação.
O conflito eclodiu quando a
Geórgia invadiu, dia 7, a Ossétia
do Sul -na prática, desde 1992
sob tutela russa dentro de acordos internacionais. Em resposta, os russos retomaram o território e ocuparam outra região
rebelde, a Abkházia. O cessar-fogo, negociado seis dias depois
pela UE, permite que tropas
russas ocupem na Geórgia apenas uma zona-tampão junto às
divisas das duas regiões.
Com agências internacionais
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