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IRAQUE OCUPADO
Mesquitas da cidade comemoram "vitória"
Iraquianos celebram em Fallujah; Bush vê dificuldades e avanços
DA REDAÇÃO
Exatamente um ano após ter
declarado, triunfalmente, a bordo
de um porta-aviões, o final dos
"principais combates" no Iraque,
o presidente dos EUA, George W.
Bush, admitiu ontem que suas
tropas ainda enfrentam grandes
desafios no país. Ao menos mais
dois americanos foram mortos
em emboscada ontem.
Em Fallujah, ao norte de Bagdá,
soldados do antigo Exército do
ex-ditador Saddam Hussein, liderados por um de seus generais,
iniciaram patrulha na cidade rebelde após acordo com as tropas
americanas para tentar pôr fim
aos confrontos que deixaram centenas de mortos nas últimas semanas e pioraram ainda mais a
imagem das forças de ocupação.
Dos minaretes das mesquitas da
cidade sunita, bastião do regime
deposto, partiam celebrações pela
"vitória sobre os americanos",
ecoados por insurgentes armados
pelas ruas da cidade.
Milhares dos 300 mil habitantes
que fugiram por causa da violência começaram a voltar a Fallujah.
As forças americanas se afastaram da periferia da cidade, mas
anunciaram que voltarão a agir se
a violência retornar. Disseram
ainda que as tropas de Saleh
"compreendem" que devem ajudar na captura ou morte de insurgentes e combatentes estrangeiros que mataram quatro americanos e mutilaram seus corpos na
cidade há um mês, o que causou a
ofensiva dos marines dos EUA.
O general Jasim Mohamed Saleh, ex-membro da Guarda Republicana, a força de elite de Saddam, assumiu a segurança na cidade prometendo ajudar os americanos. Mas o clima local parecia
outro. "Deus deu a essa cidade
uma vitória sobre os americanos", dizia um clérigo pelo alto-falante de uma mesquita.
Hammad Makhlas, voltando a
Fallujah com sua mulher e cinco
filhos, disse: "Deus seja louvado.
O mais importante é que a dignidade da cidade foi preservada
com a derrota dos americanos".
Já no sul, de maioria xiita (60%
da população do país, oprimidos
sob Saddam), líderes lamentaram
o fato de um general do ex-ditador comandar Fallujah.
Tortura
Outro problema para a ocupação são as fotos de supostas torturas contra prisioneiros iraquianos
nas mãos de militares britânicos e
americanos. Jornais árabes publicaram com destaque fotos das
agressões, divulgadas antes por
uma TV americana e jornais londrinos. A Liga Árabe considerou
as fotos "ultrajantes", e um conselho de religiosos no Iraque disse
que elas ferem a dignidade do
país. Londres e Washington repudiaram as agressões e disseram
que abriram investigações para
punir os culpados.
Bush, em seu pronunciamento
semanal de rádio, admitiu as dificuldades, mas tentou ser otimista.
"Um ano depois, apesar de muitos desafios, a vida para os iraquianos está muito distante da
crueldade e da corrupção do regime de Saddam", disse, citando
avanços na distribuição de luz, no
sistema bancário e no de saúde.
Desde que Bush declarou o fim
da guerra, cerca de 430 militares
americanos morreram em ação
no Iraque, cerca de 130 só em
abril, o mês mais sangrento. Menos de cem morreram nas três semanas de guerra. "As famílias dos
bravos soldados caídos devem saber que suas mortes não foram
em vão", disse Bush. Na noite de
sexta, o programa "Nightline", da
TV ABC, causou comoção ao dedicar todo o seu horário aos mortos no Iraque, mostrando suas fotos e dados pessoais.
Com agências internacionais
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