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8h 46 - 91º andar, torre norte, Uma hora e 41 minutos antes do desabamento
O impacto aconteceu às
8h46m26s. O avião do vôo 11 da
American Airlines, um Boeing-767 medindo 47,5 metros da ponta de uma asa à ponta da outra e
carregando 38 mil litros de combustível, estava andando a 750
km/h, conforme estimativa dos
investigadores federais. Nessa velocidade, o avião cobriu os dois
quarteirões finais que o separavam da Torre Norte em 1,2 segundo.
O avião abriu um rombo formando um caminho que atravessou do andar 94 ao 98, indo parar
diretamente no escritório da
Marsh & McLennan Companies
e, em seu percurso, destruindo
colunas de aço, paredes, arquivos
e mesas carregadas de computadores. Seu combustível incendiou
e incinerou tudo o que encontrou
em seu caminho. O trem de pouso
do avião se desprendeu e foi arremessado, atravessando a lateral
sul do edifício e indo parar na rua
Rector, a cinco quadras de distância.
Três andares apenas abaixo da
zona de impacto, nem um objeto
saiu de seu lugar no escritório de
Steve McIntyre, da empresa American Bureau of Shipping (ABS).
O peso de papel feito de ardósia,
no formato de um barco a vela, ficou imóvel. As fotos de família
apoiadas numa estante de livros
continuaram em seus lugares.
McIntyre se viu diante de um
computador que continuava ligado.
Então veio a reação retardada.
Uma poderosa onda de choque
irradiou-se rapidamente a partir
da zona de impacto, subindo e
descendo. A onda rebateu do alto
para a base da torre, levando três a
quatro segundos para ir e então
voltar, agitando o prédio como se
ele fosse um enorme barco solto
numa tempestade.
"Temos de sair daqui já", gritou
Greg Shark, engenheiro e arquiteto da American Bureau of Shipping, firmando-se para resistir à
ondulação em frente ao escritório
de McIntyre.
De alguma maneira, eles estavam vivos. Apenas mais tarde é
que os dois se dariam conta de como foi pequena a chance de escapar que eles conseguiram aproveitar. Nos relatos que fizeram de
como procuraram uma saída, forneceram um mapa de um território de fronteira, uma zona inexpugnável pela qual as pessoas presas nos andares de cima jamais
conseguiriam passar.
McIntyre, Shark e nove outros
funcionários, nenhum deles ferido, saíram rapidamente da área
de recepção da ABS, no canto noroeste do edifício, e viraram à esquerda, em direção aos elevadores e às escadas que havia no centro da torre.
McIntyre se recorda de ter olhado por um poço de escada escuro,
repleto de fumaça e despedaçado.
O único som que ouvia era o de
água jorrando escada abaixo, como se tivesse topado com um riacho borbulhante durante uma caminhada nas montanhas. A água
quase certamente vinha dos canos quebrados do sistema de
combate a incêndios. Como não
via nem ouvia mais ninguém no
meio da escuridão malcheirosa,
olhou para cima.
O poço da escada estava bloqueado desde acima -não pelo
fogo ou por aço que fizesse parte
da estrutura da torre, mas por pedaços enormes do revestimento
de gesso que recobria as paredes
laterais da escadaria. Caído em
pedaços enormes, o gesso tinha
bloqueado o poço da escada, fechando a passagem entre o 91º e o
92º andares. Do 91º para baixo, o
gesso era um obstáculo menor.
"Isso aqui não está nada bom",
McIntyre disse, conforme se recorda.
Ele não sabia disso, mas se encontrava numa fronteira crítica.
Acima dele, em 19 andares da torre, havia 1.344 pessoas, muitas delas vivas, em choque, mas não feridas e implorando por socorro.
Nenhuma iria sobreviver.
Abaixo dele, em 90 andares, milhares de outras também estavam
vivas, em choque, não estavam feridas e imploravam por ajuda.
Quase todas sobreviveram.
A situação naquela escadaria estava ruim, mas, conforme
McIntyre contaria mais tarde, era
pior ainda nas outras duas saídas
de emergência. Então ele voltou
para a primeira escadaria, a noroeste do centro do edifício. Imediatamente, escorregou sobre o
gesso e desceu dois andares deslizando. Ileso, pôs-se de pé e observou luzes mais abaixo. Ele se recorda de ter chamado "por aqui!".
Seus colegas da ABS se juntaram
ao êxodo do andar 91.
Um andar acima deles, no 92º,
alguns funcionários da Carr Futures estavam fazendo exatamente
o que o pessoal da ABS tinha feito:
procurando uma saída. Eles não
se deram conta de que estavam do
lado errado dos escombros.
No 92º andar, Damian Meehan
correu para encontrar um telefone livre na Carr Futures e ligou
para seu irmão Eugene, bombeiro
no Bronx. "Está muito ruim mesmo aqui", Meehan lhe disse. "Os
elevadores quebraram."
"Vá até a porta da frente, veja se
há fumaça lá", Eugene Meehan
recorda de ter lhe pedido. Ele ouviu seu irmão largar o telefone,
depois acompanhou os sons que
lhe chegavam aos ouvidos. Havia
gritos e confusão, mas não pânico.
Alguns minutos mais tarde, Damian Meehan voltou e informou
que a entrada da frente estava
cheia de fumaça. "Procure a escada", Eugene o aconselhou. "Veja
de que lado a fumaça está vindo.
Vá na direção contrária." Então
ele ouviu Damian pela última vez.
"Ele disse: "Nós temos de sair daqui". Ou disse: "Nós estamos saindo'", recordou Eugene Meehan.
"Venho quebrando a cabeça para
lembrar. Sei que ele falou "nós"."
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