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9h00, 106º andar, torre norte, Uma hora e 28 minutos antes do desabamento
""O que fazemos? O que vamos
fazer?"
De acordo com chefes e colegas
de trabalho, Doris Eng, a gerente
do restaurante, ligou repetidas vezes para o Centro de Comando de
Combate a Incêndios, no saguão
do edifício, fazendo a mesma pergunta. Minutos apenas após o impacto do avião, o restaurante já
estava se enchendo de fumaça, e
Doris estava lutando para liderar
as 170 pessoas que tinha sob sua
responsabilidade.
Muitas ganhavam a vida fornecendo informações ou equipamentos que as transmitem
-eram especialistas em comunicações que participavam da conferência que estava tendo lugar no
salão de bailes, naquela manhã.
Mas, com a fumaça cada vez mais
densa, sem eletricidade e com
pouca idéia do que estava acontecendo, o restaurante estava rapidamente ficando isolado, com as
pessoas lutando para conseguir
informações picadas.
""Ligue na CNN", disse em e-mail enviado por equipamento
portátil a sua mulher, Dorry, o
cientista de computação Stephen
Tompsett, que participava da
conferência. ""Preciso de informação atualizada."
Imagens em vídeo gravadas por
dois fotógrafos amadores mostram que a fumaça se adensou
com velocidade aterrorizadora no
alto do edifício, brotando de brechas nas janelas em nuvens mais
densas do que nos andares mais
próximos ao avião. Logo depois
do impacto, Rajesh Mirpuri telefonou para sua empresa, a Data
Synapse, tossindo, e disse que não
conseguia enxergar mais longe do
que três metros, recordaria mais
tarde seu chefe, Peter Lee. O vendedor da Bloomberg Peter Alderman também contou a sua irmã
sobre a fumaça, usando um comunicador portátil para enviar
uma mensagem de e-mail: ""Estou
com medo".
Doris Eng e os funcionários do
Windows, seguindo a orientação
dos treinamentos de emergência,
conduziram as pessoas do 107º
andar para um corredor no andar
de baixo, próximo à escada, onde
usaram um telefone especial para
ligar para o Centro de Comando
de Combate a Incêndios. A política do edifício era desocupar imediatamente o andar onde houvesse fogo e aquele logo acima. As
pessoas que estavam mais distantes recebiam a orientação de sair
apenas quando o centro de comando mandasse ou ""quando as
condições ditarem tais ações".
Mas as condições estavam piorando rapidamente. Glenn Vogt,
o gerente-geral do restaurante,
contou que, 20 minutos depois do
choque do avião, sua assistente,
Christine Olender, telefonou para
ele em sua casa. Quem atendeu foi
sua mulher, disse Vogt, porque
ele estava na rua, em frente ao
WTC. Olender disse que eles não
tinham recebido nenhuma orientação sobre como deixar o local.
""O teto está caindo", ela falou. ""O
chão está levantando."
Vinte minutos depois do impacto, um helicóptero da polícia
informou à sua base que não conseguiria aterrissar na cobertura
do edifício. Mas muitas pessoas
continuaram a esperar ser resgatadas de alguma maneira.
""Não posso ir para lugar nenhum, porque nos disseram para
não sairmos do lugar", disse
Ivhan Carpio, funcionário do
Windows, numa mensagem que
deixou na secretária eletrônica de
sua prima. ""Tenho de aguardar os
bombeiros."
Mas os bombeiros estavam lutando para responder aos apelos.
Ninguém em Nova York jamais
vira um incêndio daquelas dimensões -quatro ou cinco andares tinham começado a queimar
em questão de segundos. Seus comandantes, no saguão, não tinham meios de saber se havia escadas com passagem livre. Com a
maioria dos elevadores destruída,
os bombeiros carregavam equipamento pesado escadas acima,
enfrentando a enxurrada de pessoas que desciam. Uma hora depois do choque, ainda estavam 50
andares abaixo do Windows.
No térreo, as autoridades recebiam ligações dos andares superiores. ""Não havia muita coisa
que a gente pudesse recomendar
que fizessem, exceto molhar uma
toalha e colocá-la sobre o rosto",
disse Alan Reiss, ex-funcionário
da prefeitura. Mas o avião tinha
cortado o fluxo de água para os
andares de cima. Um garçom do
restaurante disse à mulher, pelo
celular, que não conseguia encontrar água para molhar um pano e
que procuraria nos vasos de flores.
A sala quase não tinha água e tinha pouco ar, mas não faltavam
celulares ou comunicadores portáteis capazes de enviar e-mail.
Usando esses aparelhos e algumas
poucas linhas telefônicas que continuaram funcionando, pelo menos 41 pessoas no restaurante
conseguiram falar com alguém
fora do edifício.
Peter Mardikian, da Imagine
Software, disse a sua mulher, Corine, que ia sair para chegar à cobertura e que não poderia falar
por muito tempo, ela recordou.
Outros esperavam para usar os
poucos telefones que ainda estavam funcionando.
Garth Feeney ligou para a mãe,
Judy, na Flórida. Ela o saudou animadamente, recordou mais tarde.
""Mãe", respondeu Feeney, ""não
estou ligando para bater papo. Estou no World Trade Center, e um
avião bateu no edifício."
Os modos calmos dos funcionários não conseguiam conter a tensão. Laurie Kane, cujo marido,
Howard, era contador do restaurante, contou que, quando terminaram sua última conversa, ela
ouviu alguém gritando ""estamos
presos!". Gabriela Waisman, que
participava da conferência, telefonou para sua irmã dez vezes em 11
minutos, desesperada para manter a conexão. Veronique Bowers,
a gerente de cobrança de crédito
do restaurante, ficou repetindo
para sua avó, Carrie Tillman, que
o prédio tinha sido atingido por
uma ambulância. ""Ela estava tão
confusa!", disse Tillman.
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