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SUCESSÃO NOS EUA/ À FLOR DA PELE
Obama bate boca com ativista negro
Olugbala protestava em evento de democrata por mais atenção à questão racial, a seu ver preterida por candidato
Episódio é o terceiro na semana a envolver cor, após McCain acusar rival de usar tema para levar vantagem
e rap ofender republicanos
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Um protesto de três jovens
negros durante discurso do
candidato democrata Barack
Obama em St. Petersburg (Flórida) completou ontem a série
de polêmicas nesta semana sobre a questão de raça na campanha presidencial americana.
Obama falava sobre economia quando o grupo -militante
de uma ONG contra injustiças
sofridas por afro-descendentes, chamada de Uhuru- levantou uma faixa na qual se lia "E a
comunidade negra, Obama?".
Diante da intervenção -algo
raro em seus eventos-, Obama
disse: "Desculpe, este é um encontro comunitário e você pode fazer sua pergunta depois.
Seja educado, você terá chance
de se pronunciar, relaxe."
Depois, ao microfone, Diop
Olugbala, 31, citou problemas
que afetam os negros, como o
endividamento com hipotecas
e o caso "Jena Seis"" (no qual
seis alunos negros de uma escola de Jena, Missouri, foram punidos por reagir a uma manifestação racista, em 2007).
"Ante vários ataques contra a
comunidade africana ou a comunidade negra pelo mesmo
governo dos EUA que você aspira comandar, por que você
não conseguiu nenhuma vez
discursar em nome das comunidades africanas e negras oprimidas e exploradas neste
país?", indagou Olugbala.
Guaguejando, Obama disse
que o jovem estava "desinformado" quando fala "nenhuma
vez" e enfatizou que, em seus
discursos, já disse que "empréstimos predatórios" (de fácil acesso e juros abusivos) afetaram as "comunidades latinas
e afro-americanas" dos EUA.
Também disse que foi "o primeiro candidato" a condenar o
caso da escola de Jena.
"Trabalho nessas questões
há décadas. Agora, isso não significa que eu sempre irei satisfazê-las do jeito em que vocês
as querem. Eu entendo isso, o
que lhes dá a opção de votar em
outra pessoa ou concorrer" para presidente, declarou.
Os demais eleitores (quase
todos os brancos) levantaram-se ao coro do slogan "Sim, podemos". Após o evento, Olugbala, cercado pela imprensa,
declarou que a resposta de
Obama não foi satisfatória e
que não votará nele.
O episódio de ontem também revelou que a campanha
de Obama seleciona os cartazes
que podem ser mostrados pelo
público nos eventos -o grupo
havia escondido o seu. O alto
controle da imagem da platéia
já havia vindo à tona quando
eleitoras muçulmanas, usando
véu, foram retiradas de um lugar da arquibancada onde apareceriam atrás do candidato.
Raça
No decorrer da semana, outras duas polêmicas haviam focado a raça, uma questão que
Obama tenta manter em segundo plano.
Em uma das controvérsias, o
chefe da campanha do candidato republicano à Casa Branca,
John McCain, acusara Obama
de evocar o tema ao dizer que
não se parece "com os outros
presidentes nas notas de dólares". Depois, uma canção do
rapper Ludacris, que convocava os negros a votarem no democrata, causou a ira do próprio homenageado por fazer
ofensas a figuras da política como McCain, o presidente Bush
e a democrata Hillary Clinton.
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