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Impopular, Fukuda deixa cargo de premiê do Japão
Ele era aprovado só por 29%, mesmo após pacote pró-crescimento econômico
Partido Liberal Democrático
pode escolher ex-chanceler
Taro Aso para chefiar o novo
governo e evitar antecipar eleição prevista para 2009
DA REDAÇÃO
Yasuo Fukuda, 72, renunciou
ontem ao cargo de primeiro-ministro do Japão, em meio a
indicadores econômicos ruins
e ao imobilismo do governo,
diante de um Parlamento em
que a oposição, majoritária no
Senado, conseguiu obstruir sistematicamente todos os grandes projetos oficiais.
O PLD (Partido Liberal Democrático), conservador, deverá definir em duas semanas um
novo líder para a chefia do governo. Alguns analistas acreditam que, por enquanto, o nome
mais forte para a sucessão seja
o do ex-ministro das Relações
Exteriores Taro Aso, 67, que
Fukuda nomeou há um mês como líder de seu partido.
Há, no entanto, outras alternativas. Takao Toshiwawa,
analista citado pelo "Financial
Times", embora acredite no favoritismo de Aso, não descarta
a possibilidade de a liderança
ser disputada por Yuriko Koike, a mais proeminente política
do partido oficial e que foi recentemente ministra do Meio
Ambiente e da Defesa.
Há ainda a possibilidade de
um dos jovens deputados se
tornar premiê, ou mesmo de
Junichiro Koizumi aceitar interromper a aposentadoria política para, como o mais popular premiê de sua geração, cair
na tentação de tentar recriar o
período 2001-2006, quando
exerceu o poder com bons índices de popularidade.
O premiê demissionário afirmou estar deixando o poder
"para evitar o vazio político",
criado pelos impasses entre situacionismo e oposição em
questões delicadas, como o
abastecimento de forças navais
aliadas no Afeganistão ou a escolha de um novo presidente
para o Banco Central.
A Constituição japonesa permite que a oposição, se majoritária num dos plenários do Parlamento, pratique a obstrução
dos projetos do governo. A sessão parlamentar tem sua abertura prevista para o dia 12.
"É incrível que o PLD esteja
se desfazendo do premiê sem
pensar nos interesses da população japonesa", disse Mizuho
Fukushima, líder do oposicionista PSD (Partido Social Democrático). Interessa a ele antecipar as eleições legislativas
previstas para setembro de
2009, na tentativa de fazer a
maioria também na Câmara.
Recessão japonesa
O partido da oposição teria
ainda o interesse em atrair o
Novo Komeito, pequena formação hoje aliada ao PLD. Os
conservadores de Fukuda governam o Japão desde 1955, exceto dez meses nos anos 90.
Fukuda, que é filho de um ex-premiê japonês, enfrentava um
baixíssimo índice de aprovação, de 29%, que não melhorou
nos últimos dias, apesar do pacote econômico que anunciou
na semana passada para tentar
evitar a aceleração da recessão
na segunda economia do planeta, depois dos Estados Unidos.
O pacote de US$ 105 bilhões
previa cortes no Imposto de
Renda, subsídios aos combustíveis e empréstimos do governo
a empresas. A inflação, inédita
nos últimos dez anos, está acima dos 2% anuais, o PIB (total
da produção) registra ligeiro
recuo, o mesmo ocorrendo com
o poder de compra dos salários.
O pacote econômico tenderia
a compensar decisões impopulares do governo, como a reforma na cobertura das despesas
médicas que, em alguns casos,
resultou no aumento dos gastos dos mais idosos.
Fukuda, um dirigente desprovido de carisma, também
não conseguiu compensar as
perdas sociais provocadas pelas
reformas ultraliberais de Koizumi, que deixou o cargo há
dois anos. Seu substituto, Shinzo Abe, durou menos de um
ano, renunciando em setembro
do ano passado por motivos de
saúde e em razão de escândalos
de corrupção.
Com agências internacionais
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