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SEIS MESES DE OCUPAÇÃO
Devido ao temor de uma onda de ataques, alunos faltaram às aulas e movimento em Bagdá foi fraco
Em dia tenso no Iraque, 2 soldados morrem
DA REDAÇÃO
Dois soldados americanos morreram ontem em Mossul, no norte do Iraque, e um incêndio atingiu um oleoduto a cerca de 15 km
de Tikrit -a cidade natal de Saddam Hussein. Em Taji, também
no norte, um iraquiano morreu
quando uma bomba que ele instalava numa estrada explodiu.
Foram os principais incidentes
ocorridos no dia em que se completaram seis meses desde que o
presidente dos EUA, George W.
Bush, anunciou o fim dos principais combates no Iraque.
Anteontem, os consulados dos
EUA e da Austrália em Bagdá
emitiram alertas de que neste final
de semana poderia ocorrer uma
onda de ataques de grupos leais a
Saddam. Panfletos atribuídos a
seguidores do ex-ditador prometiam um "dia de resistência" e
convocavam uma greve geral.
Houve alguns sinais de que a
população preferiu permanecer
em casa. A maioria das lojas
abriu, porém o tráfico nas ruas estava abaixo do normal para uma
manhã de sábado -primeiro dia
útil da semana no Iraque.
Muitos pais impediram que
seus filhos fossem à aula. Em uma
escola de ensino médio para meninos em Bagdá, apenas 80 dos
500 alunos compareceram.
Apesar de as lojas terem aberto,
o número de clientes era bem inferior ao normal, segundo os próprios comerciantes. A única exceção foi o ramo alimentício. "As
pessoas não têm como parar de
fazer compras", disse Amir Jawad, dono de uma padaria.
Postos de controle da polícia paralisaram o trânsito em uma série
de pontos da capital iraquiana.
Em Basra (sul do país) e Mossul,
a ameaça de ataques teve pouca
repercussão visível. As lojas tiveram movimento normal e o tráfego não se diferenciava de outros
dias da semana.
Ataques
Os dois soldados americanos foram mortos quando uma bomba
posta em uma estrada em Mossul
explodiu, atingindo o veículo em
que eles estavam, um carro civil.
As baixas elevam para 119 o número de soldados americanos
mortos em ataques no Iraque durante os seis meses de pós-guerra
-três a mais do que na guerra.
Os ataques contra as forças da
coalizão cresceram na semana
passada. No domingo, mísseis foram lançados contra o hotel Rashid, em Bagdá,no momento em
que ali se hospedava Paul Wolfowitz, subsecretário da Defesa dos
EUA. No dia seguinte, quatro
atentados suicidas mataram 35
pessoas em Bagdá.
Nos arredores de Tikrit, não se
sabia quem havia provocado o incêndio do oleoduto. Porém a sabotagem da infra-estrutura iraquiana tem sido comum desde o
início da ocupação. O restabelecimento da indústria petrolífera do
Iraque é considerada fundamental para a reconstrução do país.
Transferência de poder
O diplomata americano Paul
Bremer, que lidere a administração americana do Iraque, afirmou
que Saddam, desaparecido desde
abril, estaria vivo e poderia estar
por trás da onda de ataques no
país. "Sua captura é nossa prioridade", disse ele em discurso.
Bremer ainda afirmou que vai
"buscar meios de acelerar a transferência de poder aos iraquianos"
e que estes terão "maior responsabilidade e autoridade" na segurança do país.
Nos EUA, Bush reiterou que
deixar o Iraque prematuramente
incentivaria os terroristas. "Terminaremos a nossa tarefa", disse.
Com agências internacionais
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