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Líderes no Brasil traçam plano eleitoral
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil tem 734 mil índios, cerca de 200 mil deles com título de
eleitor. Nas últimas eleições, eles
não elegeram nenhum dos 20
candidatos indígenas a deputado
estadual e federal. Um candidato
a senador está ocupando a segunda suplência pelo Acre.
Nas eleições municipais de
2000, foram 331 candidatos indígenas a vereador, dez a vice-prefeito e um a prefeito. Foram eleitos 80 vereadores, sete vice-prefeitos e um prefeito.
O prefeito solitário, Marcos Antonio dos Santos (PMDB), da etnia potiguara, administra a pacata
Baía da Traição, na Paraíba, vilarejo de 6.800 pessoas na área urbana apertada entre o rio e o mar,
80 km ao norte de João Pessoa. Na
zona rural, estão as 16 aldeias que
reúnem mais de 8.000 indígenas e
que deram a vitória a Santos, pela
segunda vez.
As lideranças indígenas querem
dobrar esses números nas próximas eleições. Por exemplo, aumentando o número de índios
com título de eleitor, já que votar
para eles é facultativo. No Alto Rio
Negro, o Balcão da Cidadania, um
barco que sobe o rio a partir de
São Gabriel da Cachoeira tirando
documentos, já concedeu 3.000 títulos eleitorais.
Em outra frente, no início de
novembro, a Coiab, Coordenação
das Organizações Indígenas da
Amazônia Brasileira, realiza em
Manaus um encontro para traçar
estratégias eleitorais.
A intenção é lançar candidatos
envolvidos com as questões indígenas, o que não ocorre com boa
parte dos atuais eleitos, abrigados
em quase todos os partidos e sob
o comando dos "brancos".
"Não basta apenas elegê-los, é
preciso organizações que possam
apoiá-los para lidarem com a
agressividade, a competitividade
e as inúmeras formas de cooptação", diz Egon Heck, consultor da
presidência do Cimi, Conselho
Indigenista Missionário.
Considerando apenas os índios
que vivem em seu território, eles
seriam cerca de 380 mil e sua representação é praticamente nula.
"Eles concorrem numa situação
desigual, sem poder econômico e
sob a pressão dos outros candidatos", diz o antropólogo Ricardo
Verdum, assessor de políticas indígena e ambiente da ONG Instituto de Estudos Socioambientais.
"Há muitas lideranças em condições de exercer o poder", afirma
Antonio Apurinã, diretor de assistência da Funai. Ocupar espaço
político é um objetivo de curto
prazo, dizem as lideranças. "É
uma forma de aprender, de participar, e aí construir um parlamento próprio", diz Bonifácio José, da
etnia baniwa, presidente da Fundação Estadual de Política Indigenista da Amazônia.
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