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Irã vê "clima melhor" em negociações com o Ocidente
Chanceler iraniano diz que última proposta nuclear terá resposta em breve e sugere retomada de vôos diretos aos EUA
Bush afirma que opção diplomática é prioritária;
declarações surgem em meio a relatos de que Israel
estaria preparando ataque
DA REDAÇÃO
O chanceler iraniano disse
ontem ter detectado um "clima
melhor" nas negociações com o
Ocidente sobre o programa nuclear de seu país, numa declaração que coincidiu com o apelo
por "mais diálogo" com Teerã
lançado no mesmo dia pelo governo dos Estados Unidos.
As tensões vinham aumentando nos últimos dias devido a
relatos de que Israel estaria
planejando um ataque aéreo
contra as instalações nucleares
iranianas, o que causou alta no
preço do petróleo.
Os EUA e as demais grandes
potências acreditam que Teerã
busca construir secretamente a
bomba atômica. Teerã afirma
que o programa nuclear iraniano, revelado por dissidentes em
2002, tem por objetivo apenas
produzir eletricidade.
Mas Israel se sente ameaçado pelas declarações do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que nega a existência do Holocausto e defende
abertamente a destruição do
Estado Judaico.
Informações de que Israel
realizou um grande exercício
militar israelense sobre o Mediterrâneo, em 2 de agosto, alimentaram especulações de que
Israel poderia estar preparando um ataque contra instalações nucleares iranianas ou
pressionando os EUA a tomar
medidas militares.
O temor de uma nova guerra
foi reforçado por declarações
de altos funcionários militares
americanos e israelenses.
Na contramão das especulações sobre um conflito, o ministro das Relações Exteriores
do Irã, Manouchehr Mottaki,
disse ontem na ONU que "declarações e abordagens construtivas" haviam "aberto o caminho para a criação de uma
nova atmosfera".
O chanceler se referia a uma
carta entregue há duas semanas a Teerã pela União Européia, em nome de EUA, Reino
Unido, França, Alemanha, Rússia e China, com uma oferta de
incentivos, comerciais e outros,
para tentar convencer Teerã a
interromper seu programa nuclear. "Em breve responderemos à carta", disse Mottaki, que
chamou de "loucura" a possibilidade de um ataque contra as
centrais nucleares de seu país.
Distensão
Em declarações inéditas, o
chanceler sugeriu a retomada
dos vôos diretos entre Irã e
EUA e disse que vê com bons
olhos o projeto da Casa Branca
de abrir um escritório de interesses comerciais no Irã, como
o que há em Cuba desde 1977.
Os EUA cortaram as relações
com o Irã depois que islâmicos
radicais mantiveram 52 reféns
durante 444 dias em sua embaixada em Teerã, em 1979.
No mesmo tom apaziguador,
o presidente americano, George W. Bush, reiterou que a diplomacia era a "opção preferencial" para tratar com o Irã,
mas insistiu que Washington
continua a manter "todas as
opções em aberto".
A possibilidade de um ataque
ao Irã a curto prazo foi descartada pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
norte-americanas, almirante
Mike Mullen, que esteve recentemente em Israel. "Estamos
falando de uma parte muito
instável do mundo. Não preciso
que se torne ainda mais instável", disse Mullen.
O almirante afirmou que um
terceiro conflito no Oriente
Médio, além do Iraque e do
Afeganistão, seria "extremamente desgastante" para os
EUA e enfatizou que deseja ver
a disputa com os iranianos resolvida por meios pacíficos.
Os EUA minimizaram as
preocupações quanto ao possível fechamento por Teerã do
estreito de Hormuz, uma importante rota petroleira, em caso de confronto militar com Israel ou com os EUA. "Nós não
permitiremos que [os iranianos] fechem o estreito de Hormuz", disse o vice-almirante
Kevin Cosgriff.
com agências internacionais
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