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Eleições nos EUA
Mídia agora faz cobertura mais negativa de democrata
Levantamento mostra que exposição é alta, mas ruim
DE WASHINGTON
Há duas semanas, enquanto
Barack Obama monopolizava
os refletores ao realizar uma
viagem considerada bem-sucedida ao Oriente Médio -incluindo os dois fronts norte-americanos atuais, Iraque e
Afeganistão- e à Europa, a
campanha de John McCain colocou no ar um anúncio-provocação na internet. "The media
is in love" (a mídia está apaixonada) era o título do vídeo, uma
coletânea de cenas de favoritismo explícito de repórteres.
Os números pareciam amparar o republicano. Segundo o
instituto conservador Media
Research Center, os oito dias
do périplo do democrata renderam 92 minutos nos principais
telejornais das três maiores
emissoras abertas dos EUA;
viagem de sete dias feita por
McCain em março para alguns
dos lugares visitados por Obama valeu apenas oito minutos e
meio de cobertura nos mesmos
veículos de TV.
O republicano pode descansar. De acordo com estudo recém-divulgado pelo Center for
Media and Public Affairs da
Universidade George Mason,
da Virgínia, muita cobertura
não quer dizer cobertura positiva. De 8 de junho a 21 de julho,
comentários sobre Obama feitos nos principais telejornais e
emissoras noticiosas norte-americanos foram mais negativos (72%) que positivos (28%).
No mesmo período, McCain foi
alvo de 57% de comentários negativos e 43% de positivos.
Batizado "Mídia Detona
Obama (Isso Não É um Erro de
Digitação)", o levantamento foi
conduzido por Robert Lichter,
da Fox News, e analisou 249 reportagens, que tomaram 7 horas e 38 minutos de programação. "A pesquisa deveria acabar
de vez com o pensamento tolo
de que mais cobertura é necessariamente cobertura mais positiva", disse o comentarista
conservador.
"Obama substituiu McCain
como o candidato favorito da
mídia após New Hampshire",
disse Lichter, referindo-se às
prévias democratas realizadas
em janeiro naquele Estado, que
deram a vitória a Hillary Clinton. "Mas agora as emissoras
votam em ambos."
De fato, o clima de fim de lua-de-mel em relação a Obama pode ser sentido numa passada
rápida pelos diversos noticiários da TV. Dos títulos no pé das
telas às chamadas entre um
bloco de comerciais e outros, o
tom é diferente do que valeu sátira no programa humorístico
"Saturday Night Live".
E o público começa a perceber a virada. De acordo com levantamento feito na semana
passada pelo Pew Research
Center, 42% dos ouvidos
acham que a imprensa local
não beneficia nenhum dos candidatos. É muito, mas mesma
porcentagem ainda vê predileção por Obama, ante apenas 6%
que acreditam que a mídia protege McCain.
(SÉRGIO DÁVILA)
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