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SUCESSÃO NOS EUA / CHAPA QUENTE
McCain defende vice em meio a chuva de revelações negativas
Republicano diz que escolha foi criteriosa e afirma estar orgulhoso de impressão que Palin causou no eleitorado
Depois de gravidez de filha, governadora é acusada de ter pertencido a um partido pró-Alasca e de ter apoiado "ponte para lugar nenhum"
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL
O candidato republicano à
Casa Branca, John McCain, defendeu ontem a escolha da governadora Sarah Palin (Alasca)
para vice em sua chapa, depois
que especulações sobre a biografia dela esquentaram as dúvidas sobre a solidez da decisão.
"O processo de avaliação [de
possíveis vices] foi amplo, e estou contente com os resultados. A América está entusiasmada e ficará mais ainda quando a vir [em discurso hoje, na
Convenção Republicana, em St.
Paul, Minnesota]", disse. "Estou muito, muito orgulhoso da
impressão que ela causou em
toda a América e não vejo a hora de servir [o país] com ela."
Na véspera, após a revelação
de que Bristol, a filha de 17 anos
de Palin, está grávida do namorado, McCain disse que já sabia
disso quando a escolheu.
Ontem, novos detalhes sobre
a gravidez precoce mantiveram
o assunto em evidência, com a
lembrança de que Sarah prega
publicamente a abstinência sexual antes do casamento e é
contrária ao ensino de educação sexual nas escolas.
O tablóide "New York Post"
publicou que Levi Johnson, 18,
namorado de Bristol, apagou de
sua página do site de relacionamentos MySpace a frase em
que dizia que não gostaria de
ter filhos. Blog do "Washington
Post" publicou um documento
com rabiscos, supostamente
feitos por Palin, que cortavam
verba para programas para
adolescentes grávidas.
Baú partidário
O passado político de Palin
tem sido dissecado nos EUA
desde o anúncio de sua escolha
como vice, na última sexta.
A direção do Partido Independente do Alasca disse que,
em 1994, Sarah e o marido,
Todd, foram filiados à agremiação, que defende a transferência das terras federais para o
controle do Estado e abriga
uma corrente separatista. Um
porta-voz da campanha de
McCain negou a informação, e
apresentou documentos mostrando a filiação dela ao Partido
Republicano em 1990. A Divisão Eleitoral do Alasca diz que
apenas Todd já foi filiado.
Mark Bubriski, porta-voz do
candidato democrata Barack
Obama, disse ao jornal "Miami
Herald" que Palin também já
fez campanha para o ex-candidato a presidente radical de direita Pat Buchanan, mas não
mostrou provas da acusação.
"Simpatizantes de Obama estão engajados em uma campanha suja e infeliz", disse Brian
Rogers, porta-voz de McCain.
Por fim, congressistas do
Alasca desmentiram Palin sobre ter dito "não, obrigado" ao
projeto de uma ponte de mais
de US$ 300 milhões que beneficiaria poucas pessoas -chamada pela própria governadora
no discurso em que aceitou a
indicação a vice como "ponte
para lugar nenhum". Dizem
que ela apoiava a idéia quando
era candidata a governadora.
Escolha às pressas
Segundo o jornal "The New
York Times", McCain e Palin só
haviam tido um curto encontro
antes de se falarem na quarta-feira, quando ele a entrevistou
para o posto. O jornal também
diz que a equipe de McCain responsável pela avaliação dos
possíveis vices só foi enviada ao
Alasca na quinta-feira, mesmo
dia em que ela foi convidada para o posto -seu nome não
constava entre os especulados
pela imprensa para o cargo.
"Parece muito claro que o
processo de avaliação não foi
amplo e que McCain tomou essa decisão impulsivamente",
declarou David Frum, ex-redator de discursos do presidente
George W. Bush.
Na fase de sondagem, Palin
preencheu um questionário
com mais de 70 questões. Segundo o jornal "Washington
Post", ela também teve sua vida
investigada pelo FBI -que negou publicamente que faça esse
tipo de serviço para candidatos.
Desde o princípio, a escolha
de Palin foi considerada uma
"aposta" republicana. Mais
conservadora que McCain no
discurso, e por isso com apelo
para a direita cristã, é jovem
(tem 44 anos, contra 72 do candidato a presidente) e se espera
que seja atraente para o eleitorado feminino que ficou descontente com a derrota de Hillary Clinton nas primárias do
Partido Democrata.
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