São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CHAPA QUENTE

McCain defende vice em meio a chuva de revelações negativas

Republicano diz que escolha foi criteriosa e afirma estar orgulhoso de impressão que Palin causou no eleitorado

Depois de gravidez de filha, governadora é acusada de ter pertencido a um partido pró-Alasca e de ter apoiado "ponte para lugar nenhum"

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL

O candidato republicano à Casa Branca, John McCain, defendeu ontem a escolha da governadora Sarah Palin (Alasca) para vice em sua chapa, depois que especulações sobre a biografia dela esquentaram as dúvidas sobre a solidez da decisão.
"O processo de avaliação [de possíveis vices] foi amplo, e estou contente com os resultados. A América está entusiasmada e ficará mais ainda quando a vir [em discurso hoje, na Convenção Republicana, em St. Paul, Minnesota]", disse. "Estou muito, muito orgulhoso da impressão que ela causou em toda a América e não vejo a hora de servir [o país] com ela."
Na véspera, após a revelação de que Bristol, a filha de 17 anos de Palin, está grávida do namorado, McCain disse que já sabia disso quando a escolheu.
Ontem, novos detalhes sobre a gravidez precoce mantiveram o assunto em evidência, com a lembrança de que Sarah prega publicamente a abstinência sexual antes do casamento e é contrária ao ensino de educação sexual nas escolas.
O tablóide "New York Post" publicou que Levi Johnson, 18, namorado de Bristol, apagou de sua página do site de relacionamentos MySpace a frase em que dizia que não gostaria de ter filhos. Blog do "Washington Post" publicou um documento com rabiscos, supostamente feitos por Palin, que cortavam verba para programas para adolescentes grávidas.

Baú partidário
O passado político de Palin tem sido dissecado nos EUA desde o anúncio de sua escolha como vice, na última sexta.
A direção do Partido Independente do Alasca disse que, em 1994, Sarah e o marido, Todd, foram filiados à agremiação, que defende a transferência das terras federais para o controle do Estado e abriga uma corrente separatista. Um porta-voz da campanha de McCain negou a informação, e apresentou documentos mostrando a filiação dela ao Partido Republicano em 1990. A Divisão Eleitoral do Alasca diz que apenas Todd já foi filiado.
Mark Bubriski, porta-voz do candidato democrata Barack Obama, disse ao jornal "Miami Herald" que Palin também já fez campanha para o ex-candidato a presidente radical de direita Pat Buchanan, mas não mostrou provas da acusação. "Simpatizantes de Obama estão engajados em uma campanha suja e infeliz", disse Brian Rogers, porta-voz de McCain.
Por fim, congressistas do Alasca desmentiram Palin sobre ter dito "não, obrigado" ao projeto de uma ponte de mais de US$ 300 milhões que beneficiaria poucas pessoas -chamada pela própria governadora no discurso em que aceitou a indicação a vice como "ponte para lugar nenhum". Dizem que ela apoiava a idéia quando era candidata a governadora.

Escolha às pressas
Segundo o jornal "The New York Times", McCain e Palin só haviam tido um curto encontro antes de se falarem na quarta-feira, quando ele a entrevistou para o posto. O jornal também diz que a equipe de McCain responsável pela avaliação dos possíveis vices só foi enviada ao Alasca na quinta-feira, mesmo dia em que ela foi convidada para o posto -seu nome não constava entre os especulados pela imprensa para o cargo.
"Parece muito claro que o processo de avaliação não foi amplo e que McCain tomou essa decisão impulsivamente", declarou David Frum, ex-redator de discursos do presidente George W. Bush.
Na fase de sondagem, Palin preencheu um questionário com mais de 70 questões. Segundo o jornal "Washington Post", ela também teve sua vida investigada pelo FBI -que negou publicamente que faça esse tipo de serviço para candidatos.
Desde o princípio, a escolha de Palin foi considerada uma "aposta" republicana. Mais conservadora que McCain no discurso, e por isso com apelo para a direita cristã, é jovem (tem 44 anos, contra 72 do candidato a presidente) e se espera que seja atraente para o eleitorado feminino que ficou descontente com a derrota de Hillary Clinton nas primárias do Partido Democrata.


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